O antigo Presidente do Quénia, que governou o país durante 24 anos, morreu aos 95 anos, anunciou, esta terça-feira, o atual chefe de Estado.
Chefe de Estado entre 1978 e 2002, Daniel Arap Moi estava internado num hospital há cerca de um mês.
Apelidado de ditador pelos críticos, Moi foi fortemente apoiado por muitos quenianos e era visto como uma figura de união quando assumiu o poder em 1978, na sequência da morte do Presidente Jomo Kenyatta.
Em 1982, o seu Governo alterou a Constituição para impor um regime de partido único. No final do ano, o Exército pôs fim a uma tentativa de golpe de Estado liderada por membros da oposição e alguns oficiais da força aérea. Pelo menos 159 pessoas morreram.
Um relatório da comissão governamental Verdade Justiça e Reconciliação queniana, que avaliou a administração de Moi, concluiu que o regime deteve e torturou sistematicamente ativistas políticos opositores. A mesma comissão verificou também a ocorrência de detenções ilegais e homicídios, incluindo o assassínio do ministro dos Negócios Estrangeiros Robert Ouko.
“O [sistema] judiciário tornou-se cúmplice na manutenção das violações, enquanto o Parlamento foi transformado num fantoche controlado pela mão pesada do Executivo”, indicou o mesmo documento.
A corrupção, especialmente na distribuição ilegal de terras, estendeu-se a todas as esferas da administração, enquanto o poder político estava concentrado nas mãos de alguns, acrescentou.
Em 1991, Moi cedeu à pressão interna, e também ocidental, e às exigências para a criação de um sistema político multipartidário. No mesmo ano, a polícia matou mais de 20 pessoas numa manifestação. As eleições multipartidárias de 1992 e 1997 foram marcadas pela violência política e étnica.
Quando Moi deixou o poder em 2002, a economia do Quénia, um dos países mais desenvolvidos da África Oriental, apresentava resultados negativos devido à corrupção. Frequentemente, o antigo Presidente acusou o Ocidente pelas dificuldades económicas sentidas pela população durante o seu mandato.
Os quenianos aprovaram uma nova Constituição, que entrou em vigor em 2010, com mecanismos para impedir um culto da personalidade.
// Lusa