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“Sex symbol” em pleno Sol. Morreu Alain Delon, ícone do cinema

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Guillaume Horcajuelo/EPA

Ator tinha 88 anos e morreu pacificamente na sua casa em Douchy. Deixa um legado de 122 filmes, 88 dos quais como ator, dois como realizador e 32 como produtor. “Um monumento francês”, recorda presidente Macron.

O ator francês Alain Delon, um ícone do cinema, morreu aos 88 anos, anunciaram na manhã deste domingo os seus três filhos numa declaração conjunta à AFP.

“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (o seu cão) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida do seu pai. Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. (…) A família pede gentilmente que respeitem a sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, diz o comunicado, citado pela AFP.

Figura central em mais de cinco décadas de constantes transformações do cinema francês, Delon, sex symbol das décadas de 1960 e 70, deixa um legado de 122 filmes, 88 dos quais como ator, dois como realizador e 32 como produtor, numa carreira ligada a realizadores como Jean-Pierre Melville (“O Círculo Vermelho”, “O Silêncio de um Homem”), Luchino Visconti (“Rocco e os Seus Irmãos”, “O Leopardo”), René Clément (“Em Pleno Sol”) ou Louis Malle.

Em termos de prémios, desde a sua primeira aparição no grande ecrã, em 1957, Delon ganhou um César de Melhor Ator em 1985 por “A Nossa História”, de Bertrand Blier, o Urso de Honra no Festival de Cinema de Berlim em 1995 e o Prémio do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Em maio de 2019, obteve o seu reconhecimento mais notável, ao receber a Palma de Ouro honorária em Cannes.

“É um pouco uma homenagem póstuma, mas em vida”, declarou então o ator de “Plein soleil” (1960), o filme que lhe deu fama internacional, “Rocco et ses frères” (1960), “Le Guépard” (1963) e “La piscine” (1969).

De destacar ainda as suas oito colaborações com Jean-Paul Belmondo, falecido em 2021, tendo sido precisamente o fracasso do último destes filmes que marcou a sua retirada progressiva do ecrã. Desde então, Delon limitou-se a aparições esporádicas, afastando-se da ribalta.

Com raras aparições no cinema desde o final dos anos 90, o ator fez manchetes no verão de 2023, quando os seus três filhos apresentaram uma queixa contra a sua dama de companhia, por vezes descrita como sua companheira, por suspeitas de abuso de fraqueza. Seguiu-se uma batalha em torno das condições de saúde do ator, que sofria de vários problemas e teve um AVC em 2019.

Em agosto de 2017, o mundo perdeu a sua ex-companheira de 15 anos, outro ícone do grande ecrã francês, Mireille Darc.

Um “monumento francês”

O anúncio, hoje, da morte do ator Alain Delon está a desencadear diversas reações de homenagem, entre as quais a do Presidente Emmanuel Macron, que o descreve como um “monumento francês”.

Numa mensagem publicada na rede social X, Macron recordou algumas das personagens que mais marcaram a sua filmografia, salientando que Alain Delon “desempenhou papéis lendários e fez todo o mundo sonhar”.

“Melancólico, popular, secreto, era mais do que uma estrela: um monumento francês”, concluiu o chefe de Estado, que ilustrou a sua mensagem com uma fotografia do ator na sua juventude e com o Arco do Triunfo, em Paris, como pano de fundo.

Jack Lang, que foi ministro da Cultura durante a presidência do socialista François Mitterrand, recordou, numa entrevista à estação de rádio France Info, a grande amizade que o uniu ao que descreveu como um “imenso ator”, assim como a homenagem que lhe foi prestada no Festival de Cinema de Cannes, quando estava à frente do ministério.

Lang afirmou que, apesar de ser conhecido que Alain Delon era de direita, teve uma “relação de respeito e mais tarde de afeto” com François Mitterrand, a quem prestou homenagem aquando da sua morte em 1996.

“Alain Delon já não existe. Pensávamos que era imortal por ter tido várias vidas”, publicou, por sua vez, no X a ministra demissionária da Cultura, Rachida Dati, considerando que França ficou “órfã da sua mais bela encarnação no ecrã’.

Alain Delon passou os últimos anos da sua vida na sua propriedade de Douchy (Loiret), rodeada de muros altos e onde há muito planeava ser sepultado, não muito longe dos seus cães.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Grande Ator que trabalhou sob a direção de Grandes Realizadores . Toda uma Época do excelente Cinema Francês ! . Mais Un entre Outros que se despediu . RIP .

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