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Mistério num bairro chique de Montreux. Família de médicas atirou-se do 7º andar de um prédio

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Maude Rion / wikimedia

Montreux, Suíça.

Montreux, Suíça.

A morte de quatro membros de uma mesma família francesa, num bairro chique de Montreux, na Suíça, está a causar estranheza. As autoridades suspeitam de um suicídio colectivo num agregado muito interessado “em teses conspiratórias”.

O pai de 40 anos, a sua esposa de 41 anos, a irmã gémea desta e a filha de 8 anos do casal são as vítimas mortais desta tragédia. Um adolescente de 15 anos também caiu da varanda, mas não morreu, encontrando-se em coma no hospital.

Os indícios recolhidos pelas autoridades apontam que os cinco elementos desta família se atiraram da varanda do sétimo andar do prédio onde viviam, num bairro chique de Montreux, na Suíça.

Estamos a falar de uma altura de cerca de 20 metros que se revelou fatal para quatro dos elementos da família de classe média alta.

O incidente ocorreu a 24 de Março passado e as investigações continuam, mas as primeiras provas recolhidas indiciam que foi um suicídio colectivo, como avança a imprensa suíça.

A família ter-se-á atirado da varanda no momento em que agentes da polícia batiam à porta do seu apartamento, no âmbito de um problema com a escolarização de um dos filhos do casal.

“Os polícias não conseguiram entrar no apartamento. E foi nesse momento que a decisão tomada por esta família foi de se lançarem da varanda do sétimo andar”, refere o porta-voz da polícia local, Jean-Christophe Sauterel, em declarações divulgadas pela rádio suíça RTS e citadas pelo jornal francês Le Figaro.

Dois polícias tentavam “executar um mandado de prisão” contra o pai de família, relacionado com “a educação domiciliar de uma criança”, revela o comunicado das autoridades.

“Antes ou durante os factos, nenhum testemunho, incluindo os dois agentes presentes no local”, escutaram “o mínimo ruído ou grito proveniente do apartamento ou da varanda”, refere ainda o comunicado da polícia.

Não há indícios de crime, ou do envolvimento de terceiros no incidente.

Família isolada e interessada em teses conspiratórias

A família estava estabelecida na Suíça há vários anos e as duas irmãs adultas eram médicas – a mãe das crianças era dentista e a outra era oftalmologista.

O pai de família trabalhava em casa, presumivelmente na área do comércio electrónico, segundo a imprensa. Este cidadão francês terá crescido num dos bairros mais ricos de Marselha e terá frequentado a Ecole Polytechnique, uma das escolas mais prestigiadas de França.

As duas irmãs também estudaram no prestigioso Lycée Henri-IV em Paris, segundo os media suíços e franceses. Serão netas do escritor argelino Mouloud Feraoun.

Só a oftalmologista trabalhava fora da residência familiar. A dentista teria perdido a licença para exercer, não se sabendo por que motivo.

A menina de 8 anos não ia à escola e nem ela, nem a mãe, estavam “inscritas oficialmente” entre a população residente no país. As autoridades acreditavam que elas teriam partido para Marrocos em Abril de 2016 e que não tinham voltado a Montreux.

A imprensa helvética refere que viviam em quase “auto-suficiência”, afastados da sociedade, “com poucos contactos com o exterior” e com um stock considerável de bens alimentares em casa, mas sem problemas anteriores conhecidos com a justiça.

O adolescente que está hospitalizado estava a ser escolarizado em casa e a acção policial visava confirmar esse dado. No âmbito da escolarização ao domicílio, as autoridades helvéticas fazem verificações regulares.

No caso desta família, “não tendo os pais respondido aos vários pedidos das autoridades escolares, o dossier foi enviado à prefeitura que pediu à polícia que fosse procurar o pai para que explicasse a situação escolar do seu filho“, explica o porta-voz da polícia citado pela imprensa francesa.

“Todos estes elementos sugerem, entre os membros desta família, o receio da interferência das autoridades nas suas vidas”, aponta ainda o comunicado da polícia.

Além disso, as autoridades notam que depois do início da pandemia, “a família estava muito interessada em teses conspiratórias e de sobrevivência“.

ZAP //

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