Montenegro e Moreira da Silva: duas heranças do passismo que o PSD não tem dificuldade em aceitar

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José Coelho / Lusa

O ex-líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro

Membros do partido dizem não ver qualquer problema no percurso dos dois candidatos, sublinhando que Passos Coelho é uma figura unânime no PSD.

Os dois únicos candidatos à liderança do PSD que já se assumiram como tal têm em comum um percurso ao lado de Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro que governou de acordo com as políticas exigidas pela troika. No caso de Luís Montenegro, foi o rosto e a voz deste período do PSD no Parlamento, enquanto líder da bancada parlamentar, ao passo que Jorge Moreira da Silva foi ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

Trata-se de uma herança que Luís Montenegro já reconheceu e que, apesar das conotações menos positivas que aquele período governativo teve para alguns, não considera ser prejudicial nas suas pretensões. “O meu passado chama-se Passos, o passado de Costa chama-se Sócrates“, disse em entrevista à Renascença.

A mesma visão é partilhada por José Silvano, secretário-geral do PSD, que, em declarações ao Público, desvaloriza a ligação dos dois candidatos a Pedro Passos Coelho. “Passos Coelho tem grande aceitação no PSD e o facto de haver dois candidatos à presidência do partido alinhados com o ‘passismo’ não é um bloqueio para o partido.”

Hugo Neto, conselheiro nacional, também não identifica nenhum problema nesta relação dos dois candidatos com o antigo primeiro-ministro. “Não tem nenhum significado especial a não ser a lógica de que é natural que os protagonistas tenham experiência política e que essa experiência mais relevante esteja associada a um período de governação em que o PSD foi poder. E esse último período foi o ‘passismo'”, assinalou.

“Passos Coelho é uma referência, é alguém que é muito respeitado no partido e é normal que tendo sido primeiro-ministro haja pessoas que tenham trabalhado com ele no Parlamento, no partido ou no Governo e que possam ser protagonistas. É normal como aconteceu com o ‘cavaquismo’ ou com o ‘barrosismo'”, continuou.

Relativamente às eleições diretas do PSD e ao futuro a curto prazo do partido, Luís Marques Mendes, antigo líder social democrata, alerta para o ciclo longo de oposição que se perspetiva e as dificuldades que este cenário poderá impôr. “Quatro anos e meio de oposição a somar a seis anos de governo. É um ciclo longo e isso desmobiliza o partido; os dois partidos à direita do PSD quando na anterior legislatura só havia um – o CDS; falta de causas; e desertificação de quados políticos.”

ZAP //

1 Comment

  1. O tempo do Governo Constitucional de ” Passismo” foi uma Era política de Portugal pura e dura. A liderança do PSD teve falhas no processo de socialização e integração de ex-militantes de outros partidos. Enquanto o PS conseguiu e consegue atrair e capturar ex-militantes de outras forças políticas, já o PSD tem assumido uma posição “Xenófoba partidária” vindo de outros partidos. Um partido político democrático para Governo precisa e deve ter capacidade de socialização, acolhimento e reintegração de ex-militantes e seus amigos e familiares. O candidato Moreira da Silva tem uma Estratégia de Reintegração e de Reinvenção da Força Democrática e mobilização de massas. Isto é política para Governação. As eleições ganham-se com multidões e muita gente é sempre bem vinda. O PSD não pode dar-se ao “luxo” de ser um partido elitista e Xenófobo partidário. Mudam-sem os tempos, mudam-se as vontades, portanto há que saber Reintegrar e Reinventar. O Moreira da Silva é um excelente Candidato à liderança do PSD.

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