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A Mongólia tem a capital mais poluída do mundo. 99% das crianças respira ar tóxico

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Einar Fredriksen / Flickr

Ulan Bator. A Mongólia tem a capital mais poluída do mundo

Na Mongólia, a poluição atingiu níveis apocalípticos e o problema está relacionado com as alterações climáticas. O país já aqueceu 2,2 graus, forçando milhares de pessoas a deixar o campo e o estilo de vida tradicional de pastoreio para se mudarem para cidades poluídas, onde 90% das crianças respiram ar tóxico.

A vida dos pastores nómadas está a tornar-se cada vez mais difícil na Mongólia, devido às constantes alterações climáticas que têm vindo a ocorrer nos últimos anos. Depois de dois verões secos, seguiram-se dois invernos extremamente frios, indica um artigo da BBC News, divulgado na segunda-feira.

Os animais, fracos devido à falta de comida durante o verão, não sobreviveram ao inverno.

Já este ano, o clima foi completamente diferente: enquanto o verão foi húmido e chuvoso, o inverno foi extremamente seco. E é precisamente durante o inverno que o prado fica coberto de neve, o que protege a relva. Mas agora os pastores temem que não haja relva para a primavera, já que os animais comem tudo o que encontram.

No seu artigo, a BBC News expõe o caso de Erkhembayar e do seu irmão, que deveriam ser os próximos da família a tornarem-se pastores nómadas. No entanto, apesar do seu claro domínio no tratamento de animais, podem nunca ter essa oportunidade, visto que é “cada vez mais difícil viver no campo em Mongólia”.

Segundo o pai dos rapazes, Eredenkhu Buyandelger, esta foi a primeira vez que viu um inverno sem neve, enquanto a sua esposa, Chaminmunkh Batsaikhan, acredita que a primavera também será muito difícil. “Muitos de nossos animais provavelmente morrerão”.

Embora este ano não exista neve, no ano passado, a grande quantidade de chuva que se fez sentir matou a maior parte do rebanho da família, que perdeu todos os seus 20 cavalos e mais de 30 ovelhas.

“Se houver outra temporada terrível, todo o nosso rebanho desaparecerá”, indicou Chaminmunkh Batsaikhan. “O nosso estilo de vida pode não sobreviver”, referiu, acrescentando que não quer que os filhos “se tornem pastores nessas condições”.

Na capital Ulan Bator, onde vive a metade da população da Mongólia, os monitores de poluição que medem o PM2.5 – pequenas partículas que podem entrar nos pulmões – marcam 999, o valor mais alto que pode alcançar. De acordo com a BBC News, um nível seguro de contaminação está abaixo de 25.

A maioria dos habitantes da cidade queima carvão bruto no inverno, uma vez que é a maneira mais barata de aquecer quando a temperatura chega a 25 graus negativos. Contudo, o nevoeiro resultante dessa queima está a sufocar a cidade e a prejudicar as crianças, lê-se no artigo.

É o caso de Ireedni, de 5 meses, que já foi hospitalizado seis vezes. A sua mãe, Sugarjargal Lkhagvabat, explicou que quando o bebé cheira a fumaça causado pela queima do carvão bruto começa a ter dificuldade em respirar e parte do seu rosto fica azul.

“Eu fui exposta à poluição do ar desde o início da minha gravidez. Acho que é por isso que meu bebé nasceu com problemas de tiróide e bronquite crónica”, contou.

No hospital, os médicos recebem todos os dias crianças com dificuldade em respirar. Para o médica Ganchuluun Zundui, isso deve-se à poluição. “No inverno passado, vimos mais de 270 crianças por dia. Este ano, mais de 300. Quase todas pessoas têm problemas respiratórios”, declarou.

“Eu também sou mãe, então o meu coração parte quando vejo essas criancinhas a entrar e a sair do hospital continuamente”. O seu grande medo é que a exposição ao ar tóxico a longo prazo possa levar a uma epidemia de cancro do pulmão.

Embora o governo não faça muito para evitar a poluição em Ulan Bator, a cidade tem um plano para proibir o carvão bruto e forçar as pessoas a usar carvão limpo e processado. A questão é que este último é muito mais caro e grande parte dos habitantes não pode pagar, revela a BBC News.

Porém, nem tudo é mau: uma ‘startup’ está a trabalhar para tornar os filtros de ar – muito caros para os cidadãos comuns – mais acessíveis. Não obstante o seu valor, essas iniciativas, só si só, não podem fazer muito.

“Há também um problema de educação: muitos mongóis não sabem o quão prejudicial é o ar poluído”, explicou Sarangoo Dambajav, referido no artigo.

Se os governos mundiais não tomarem medidas reais para lutar contra as alterações climáticas, “este tipo de poluição pode tornar-se a nossa nova realidade”, acrescenta a BBC News.

TP, ZAP //

2 Comments

    • Vão não. Vamos! Pois se você tem telefone ou qualquer aparelho eletrônico ou mecânico, enfim, todos nós colaboramos para isto. O planeta não suporta a superpopulação. Pense nisto.

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