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Robô humanoide da UBTech
A China está a acelerar a utilização de robôs humanoides com Inteligência artificial incorporada em setores como desporto, agricultura, assistência social, educação e militar. A revolução da robótica inteligente está a chegar — e o tiro de partida está a ser dado em Pequim.
Os últimos anos trouxeram um aumento sem precedentes nas capacidades da robótica, impulsionado pelo poder transformador da Inteligência Artificial.
Cientistas, startups, grandes empresas de tecnologia e governos de todo o mundo estão a incorporar modelos LLM, algoritmos de síntese de voz e sistemas de reconhecimento de imagem em robôs humanóides.
Apetrechados com estas capacidades, os robôs podem ser adaptados para desempenhar qualquer tipo de funções — em setores como desporto, agricultura, assistência social, educação e militar.
“O momento ChatGPT para a robótica está a chegar“, disse recentemente o CEO da Nvidia, Jensen Huang, ao WSJ. E a China está há anos na vanguarda desta revolução da robótica, com políticas de apoio institucional, investimento público e incentivos ao desenvolvimento industrial.
A iFlytek, que esta semana apresentou os seus últimos modelos na sua sede de Hefei, ilustram a aposta da China em acelerar o desenvolvimento de sistemas robóticos humanóides com Inteligência Artificial, e a integração destes sistemas na vida quotidiana.
No sábado, a capital chinesa recebeu a primeira meia maratona do mundo com a participação oficial de robôs humanoides. Numa pista separada, ao lado dos cerca de 12 mil corredores humanos, 21 robôs humanóides enfrentaram o desafio de percorrer os 21 km da prova.
Já tinha havido corridas de robôs antes, mas nenhuma tão longa, explica a Smithsonian Mag. A prova foi escolhida porque a distância representa um desafio para os robôs e permite que os seus criadores vissem como eles se comportavam em condições reais.
Participaram na prova robôs de todos os tipos e tamanhos — alguns com menos de 120 cm, outros com até 1,8 m de altura. Uma empresa se gabava de que seu robô parecia quase humano, com traços femininos e a capacidade de piscar e sorrir, conta a Reuters.
Seis dos robôs terminaram a prova. O modelo Tiangong Ultra, desenvolvido pela chinesa UBTech Robotics, completou os 21 quilómetros em 2 horas e 40 minutos, com navegação autónoma e trocas de bateria programadas.
De acordo com o diretor técnico do projeto, Tang Jian, o evento foi “uma experiência extrema para avaliar a fiabilidade de ‘hardware’ e ‘software'”.
Entretanto, a cidade de Wuxi vai receber os primeiros Jogos Nacionais de Robôs com inteligência artificial incorporada. Haverá provas desportivas, técnicas e de resgate com a participação de empresas como a Unitree, Ubtech, Xiaomi e AgiBot.
Na área agrícola, investigadores da Universidade de Fudan desenvolveram um robô cultivador de tomate capaz de realizar tarefas de polinização e colheita com uma eficiência equivalente à de seis trabalhadores, utilizando visão 3D, braços robóticos flexíveis e tomada de decisão autónoma.
Segundo os especialistas, a tendência atual vai além do desenvolvimento mecânico, focando-se em dar autonomia cognitiva aos robôs. De acordo com Ji Chao, CEO da Lingdong Robotics, “o hardware está lá, agora é o cérebro que importa“.
A aposta chinesa na massificação do uso de robôs humanóides é também uma aposta no futuro das tecnologias militares. Os estrategas do Exército da China veem três vantagens principais na utilização de robôs humanóides no campo de batalha, diz o Defense One: versatilidade, escalabilidade e capacidade de sobrevivência.
Está a chegar um mundo em que os robôs humanóides não só convivem com os humanos e correm maratonas com eles — mas também lutam ao seu lado na guerra. Os próximos anos irão determinar que nação essas máquinas servirão.
ZAP // Lusa