Mohamed Bzeek, o “anjo da guarda” que acolhe crianças abandonadas com doenças terminais

Há mais de 30 anos que Mohamed Bzeek adota crianças com doenças terminais abandonadas pelos pais. Já lidou com mais de 80 crianças desde então.

Mohamed Bzeek nasceu no Líbano, mas há mais de 40 anos mudou-se para os EUA para estudar engenharia eletrónica. Vive agora em Los Angeles, onde adota e cuida exclusivamente de crianças com doenças terminais.

Bzeek sentiu o chamamento depois de ele próprio passar por uma experiência semelhante, após ter sido diagnosticado com cancro no cólon aos 62 anos. Sem família para o acompanhar na operação, Bzeek estava com medo e sentia-se sozinho. A sua experiência no hospital fez com que decidisse ajudar crianças no leito da morte.

“Em 1995, decidimos adotar órfãos deixados em hospitais ou retirados das suas famílias pelo Estado”, explicou Bzeek, numa entrevista ao LA Times, em 2019. “A única casa que aceita órfãos e crianças que estão prestes a morrer em Los Angeles é a minha. Já lidei com 80 crianças desde 1989. Dez crianças perderam a vida nos meus braços”.

A sua esposa começou por ajudá-lo, mas viria a falecer em 2014. O seu único filho biológico, Adam, sofre de nanismo e da doença dos ossos frágeis.

Mohamed Bzeek acumulou tanta experiência que até deu aulas sobre pais adotivos na faculdade comunitária local.

“Parece-me que o mundo se esqueceu delas, ninguém fala por elas. Essas crianças precisam de alguém para levá-las para casa, alguém que cuide delas, que as ame e que diga: ‘Estou aqui para ti, vamos passar por isto juntos'”, disse Bzeek, citado no seu perfil do portal GoFundMe, onde é possível doar dinheiro para ajudar na causa do homem de 66 anos.

Recentemente, acolheu uma criança que sofre de uma doença cerebral rara. A menina de seis anos é cega, surda e paralisada nos braços e nas pernas. “A única maneira de se comunicar com ela é pelo toque, por isso eu agarro-a. Eu quero que ela saiba que alguém está aqui para ela. Alguém a ama. Ela não está sozinha”, explica Bzeek.

Bzeek diz que cuidar daqueles que estão tão doentes é um processo doloroso. O homem sabe que o seu tempo juntos é precioso. “Eu sei que é desolador. Eu sei que é muito trabalho e sei que às vezes vou-me magoar. Eu sinto-me triste. Mas, na minha opinião, devemos ajudar-nos”, realça.

Daniel Costa, ZAP //

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