Misteriosa rocha em órbita da Terra há 100 anos pode ser um pedaço da Lua

Addy Graham / University of Arizona

Conceito artístico da rocha Kamo`oalewa entre a Lua e a Terra

Uma rocha misteriosa, denominada Kamoʻoalewa, está há quase um século numa órbita estável à volta da Terra.

Investigadores da Universidade do Arizona apresentaram agora evidências que sugerem que esta rocha é um fragmento da Lua, provavelmente criado por um impacto de meteorito há milhões de anos.

A descoberta, publicada esta semana na Communications Earth & Environment, pode alterar a nossa compreensão sobre as rochas espaciais que representam uma ameaça à Terra e ajudar a encontrar novas formas de proteger o planeta contra futuras colisões.

Anteriormente, os cientistas acreditavam que as rochas lunares não podiam manter uma órbita estável após serem ejetadas por um meteorito. A existência de Kamoʻoalewa desafia essa noção.

A rocha tem entre 36,5 e 91,5 metros de largura e possui uma órbita única. Embora tecnicamente orbite o Sol, também espirala à volta da Terra, o que faz de Kamoʻoalewa um “quasi-satélite” — um tipo raro de objeto celeste.

Segundo um estudo publicado em 2021 na Communications Earth & Environment, que usou simulações de computador avançadas para analisar as órbitas e propriedades dos corpos celestes no sistema solar, a composição da rocha é surpreendentemente semelhante à da Lua.

As simulações revelaram que algumas rochas lunares poderiam, sob condições específicas, encontrar uma órbita estável após serem ejetadas da superfície da Lua. Uma dessas condições inclui serem lançadas a cerca de 2,4 quilómetros por segundo.

As descobertas têm implicações para a forma como monitorizamos e entendemos objetos próximos da Terra. Até agora, os cientistas consideravam como ameaças potenciais principalmente rochas originárias do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter ou do cinturão de Kuiper no sistema solar exterior.

“Isso levanta a necessidade de considerar outros cenários de origem,” explica o autor principal do novo estudo, Jose Daniel Castro-Cisneros, em nota de imprensa publicada no site da Universidade do Arizona.

Além de ajudar a prever melhor as ameaças de rochas espaciais, Kamoʻoalewa também pode oferecer informações únicas sobre a história do nosso sistema solar. Dada a sua órbita estável, os investigadores estão agora também a ponderar enviar uma missão para a estudar mais aprofundadamente.

ZAP //

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