Mistério resolvido: navio desaparecido há 120 anos encontrado na Austrália

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O SS Nemesis naufragou ao largo da Austrália em 1904

A descoberta do SS Nemesis, ao largo da costa da Austrália, mais de um século depois de ter desaparecido durante uma tempestade em 1904, encerra um mistério marítimo de longa data.

O navio a vapor, que estava a caminho de Melbourne com 32 passageiros e tripulantes e um carregamento de carvão, sucumbiu a uma tempestade ao largo da costa de Wollongong, a cerca de 80 quilómetros a sul de Sydney.

A perda do navio e as trágicas mortes dos membros da tripulação assombraram a história marítima durante 120 anos, e os restos do navio naufragado nunca foram encontrados — até agora.

Esta semana, o Ministério do Ambiente e Património de Nova Gales do Sul anunciou finalmente a descoberta do local do naufrágio. O navio está a repousar a cerca de 160 metros de profundidade, ao largo da costa de Sydney.

O local do naufrágio foi identificado por uma equipa de mergulhadores da Subsea, empresa australiana de serviços marítimos, durante uma busca de caixas de carga perdidas, e confirmado pela CSIRO, agência australiana de pesquisa marinha.

A descoberta, realça a agência em comunicado, sublinha a importância dos esforços colaborativos na resolução de mistérios históricos, e marca um avanço significativo na pesquisa histórica e marítima.

A equipa da CSIRO recorreu à tecnologia avançada do seu navio de pesquisa marinha Investigator, incluindo ecobatímetros multifeixe e câmaras subaquáticas, que desempenharam um papel crucial na identificação do naufrágio.

Estas ferramentas não só ajudaram a mapear os destroços, mas também capturaram imagens de alta resolução que revelaram as características distintas do SS Nemesis, confirmando assim a sua identidade.

“Conseguimos colocar o nosso submersível telecomandado, mesmo por cima do naufrágio. Tivemos uma sorte incrível com as condições no local, que permitiram que a equipa a bordo fizesse um trabalho excelente e capturasse imagens incríveis do naufrágio”, explica o diretor da expedição, Jason Fazey.

Examinámos toda a extensão do naufrágio com uma câmara de profundidade, que revelou muitos detalhes das estruturas do navio, incluindo alguns dos espaços internos”, acrescenta o responsável da CSIRO.

As imagens detalhadas obtidas forneceram informações críticas sobre os últimos momentos do navio, sugerindo que uma grande onda sobrecarregou o motor, levando ao rápido afundamento do navio, sem dar tempo à tripulação para lançar os botes salva-vidas.

“O naufrágio está localizado perto da borda da plataforma continental e está assentado verticalmente no fundo do mar, mas mostra danos significativos e deterioração tanto na proa quanto na popa,” explica Phil Vandenbossche, hidrógrafo da CSIRO a bordo do Investigator.

“A inspeção visual do naufrágio com a câmara de profundidade mostrou que algumas estruturas chave ainda estavam intactas e identificáveis, incluindo duas das âncoras do navio, que estão no fundo do mar”, acrescenta Vandenbossche.

A equipa da CSIRO vai agora usar as imagens recolhidas pelo Investigator para criar um modelo fotogramétrico 3D do naufrágio, que permitirá que o navio naufragado seja investigado em maior detalhe.

O SS Nemesis era originalmente um navio de passageiros, mas foi convertido e operava como um transportador de carvão quando desapareceu. O trágico naufrágio causou a perda de inúmeras vidas — cerca de metade da tripulação, incluindo o capitão, o imediato e o segundo imediato, oriundos do Reino Unido

O impacto deste desastre estendeu-se para além das perda imediatas, tendo afetado dezenas de famílias e deixando um legado duradouro de dor e perguntas sem resposta.

A descoberta do local de repouso do SS Nemesis encerra assim um mistério marítimo com mais de 120 anos. Mas este é apenas um dos milhares de naufrágios que jazem ao longo da costa australiana — muitos dos quais ainda por encontrar.

ZAP //

1 Comment

  1. O fundo dos mares está “forrado” de uma riqueza incalculável.
    Basta pensarmos na época dos descobrimentos portugueses. Os muitos barcos que então terão afundardo, constituem uma ínfima amostra, ao longo da História.

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