Um novo estudo revelou que durante as idades do Bronze e do Ferro os londrinos deitavam cadáveres ao Tamisa. Não se percebe, no entanto, por que o faziam.
Ao longo do último século, investigações arqueológicas retiraram do fundo do rio Tamisa, em Londres, centenas de ossos humanos.
Um novo estudo, publicado no final de janeiro no Antiquity, revelou que a maioria dos esqueletos encontrados remonta às idades do Bronze e do Ferro.
Os investigadores analisaram mais de 60 esqueletos descobertos no Tamisa, com o objetivo de investigar quando e porquê os cadáveres foram parar ao rio.
Concluíram que os corpos datavam de 4000 a.C. a 1800 d.C. – um período de quase 6000 anos. Verificaram também a maioria era da Idade do Bronze (2300 a 800 a.C.) e da Idade do Ferro (800 a.C. a 43 d.C.).
Mistério por resolver
No entanto, a razão pela qual as pessoas depositavam cadáveres no Tamisa continua a ser um mistério.
“Os esqueletos humanos têm sido encontrados com bastante regularidade nos locais aquáticos do noroeste da Europa, mas os ossos humanos do Tamisa representam um conjunto excecionalmente grande”, explicou à Live Science, a autora principal do estudo, Nichola Arthur.
Uma das primeiras teorias sobre estas descobertas era que os cadáveres provinham de uma batalha entre celtas e romanos.
No entanto, no final do século XX, os especialistas sugeriram que a maioria dos corpos provinha da erosão dos enterros nas margens do rio e de vítimas de afogamento.
“Podemos dizer com confiança que estes não parecem ser apenas ossos que se foram acumulando no rio ao longo do tempo. Houve realmente algo de significativo a acontecer nas Idades do Bronze e do Ferro”, disse Nichola Arthur.
A também curadora do Museu de História Natural de Londres suspeita que este era um ritual no noroeste da Europa, em que os povos pré-históricos depositavam intencionalmente restos mortais importantes em locais aquáticos.
“A violência é um tema particularmente comum nos restos humanos pré-históricos de locais aquáticos”, disse Arthur, incluindo corpos de pântanos com indícios de mortes violentas, e “encontrámos padrões de trauma esquelético nos ossos dos restos humanos do Tamisa”.
“Explorar exatamente como é que os restos humanos do Tamisa se enquadram nestas práticas é um dos próximos passos interessantes do projeto”, assumiu a investigadora.