Durante anos, os cientistas acreditam que o “ouro dos tolos” era a substância que dava o brilho dourado aos fósseis do Xisto de Posidonia, mas um novo estudo contraria esta hipótese.
Um novo estudo publicado na Earth-Science Reviews desvendou o mistério dos fósseis do Xisto de Posidonia, na Alemanha, e contraria uma hipótese antiga na comunidade científica.
Os fósseis do Xisto de Posidonia datam de há 183 milhões de anos e incluem espécimes raros de corpo mole, como embriões de ictiossauros, lulas com bolsas de tinta e lagostas. Para saber mais sobre as condições de fossilização que levaram a uma preservação tão requintada, os investigadores colocaram dezenas de amostras em microscópios eletrónicos para estudar a sua composição química.
Os autores descobriram que, em todos os casos, os fósseis eram compostos principalmente por minerais de fosfato, embora a rocha de xisto negra ao redor fosse pontilhada com aglomerados microscópicos de cristais de pirita.
Esta revelação contraria a crença de que o brilho dos fósseis é causado apenas pela pirita, conhecida como “ouro dos tolos”. A descoberta é importante para percebermos como é que estes fósseis, que estão entre os exemplares de vida marinha do início do Jurássico mais bem preservados do mundo, se formaram e o papel que o oxigénio teve na sua formação, explica o SciTech Daily.
“Quando vamos para as pedreiras, amonitas douradas espreitam das lajes de xisto preto. Mas, surpreendentemente, foi difícil encontrar pirita nos fósseis. Mesmo os fósseis que pareciam dourados são preservados como minerais de fosfato com calcita amarela. Isso muda drasticamente a nossa visão deste famoso depósito fóssil”, explica o co-autor do estudo Rowan Martindale.
O facto de a pirita e o fosfato serem encontrados em lugares diferentes nos espécimes é importante porque revela detalhes importantes sobre o ambiente de fossilização. A pirita forma-se em ambientes anóxicos (sem oxigénio), mas os minerais de fosfato precisam de oxigénio.
A pesquisa sugere que, embora um fundo do mar anóxico prepare o terreno para a fossilização – mantendo a decomposição e os predadores afastados – foi necessário um pulso de oxigénio para conduzir as reações químicas necessárias para a fossilização.
Estas descobertas complementam pesquisas anteriores realizadas pela equipa sobre as condições geoquímicas de locais conhecidos pelos seus esconderijos de fósseis excepcionalmente preservados, chamados konservat-lagerstätten.