Ministro do Ambiente acredita em “decisões de última hora” favoráveis a países pobres

Mário Cruz / Lusa

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes

João Pedro Matos Fernandes, que antes da cimeira começar se tinha mostrado pouco otimista” relativamente aos progressos que poderiam ser dados na reunião, reconheceu que a primeira semana foi “mais positiva que negativa”.

O ministro do Ambiente e Ação Climática considera que as expectativas que pesam sobre a COP26 são “demasiado grandes para estar otimista”, mas afirmou acreditar em “decisões de última hora” favoráveis aos países menos desenvolvidos.

“A expectativa é demasiado grande para eu alguma vez me poder demonstrar otimista”, afirmou em declarações à margem da cimeira do clima das Nações Unidas, onde na quarta-feira intervirá no plenário do segundo segmento de alto nível, com a declaração nacional de Portugal sobre os compromissos para cumprir o acordo de Paris.

Admitiu que “manifestamente todas as partes estão a mexer, aquelas que estavam irredutíveis e que levaram à não decisão estão todas hoje com uma posição mais flexível, há trabalho feito e vão fazer mesmo tudo para ter um acordo até ao final desta semana”.

Em relação ao financiamento climático para ajudar os países mais pobres a mitigarem as suas emissões e adaptarem-se aos efeitos das alterações climáticas que já se fazem sentir, considerou que será “uma decisão de última hora“.

“Nós estamos perto da nossa meta, não quer dizer que vamos mesmo atingir a nossa meta, mas eu direi que tão importante como chegarmos aos 100 mil milhões de euros por ano, é garantirmos que metade dessa verba é para adaptação. Parte significativa dos países que mais precisam de apoio não tem culpa nenhuma no que foi o aquecimento global. Esses são países com grandes fragilidades, não só estruturais como em face daquilo que são as alterações climáticas, por isso é essencial”, defendeu.

Matos Fernandes afirmou que a periodicidade com que são revistas as contribuições nacionais para os objetivos do Acordo de Paris, “que é um tema nada pacífico“, há progresso: “ontem havia nove hipóteses, hoje há duas“.

O governante afirmou que a primeira semana de COP26 foi “mais positiva que negativa“, com acordos atingidos sobre fim de apoios a novas centrais a carvão, que não foi subscrita pelos Estados Unidos, a redução da produção de metano e o fim da desflorestação até 2030, “compromissos de grande alcance que têm que ser cumpridos por todas as partes”.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7º celsius.

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