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Milhares de chineses nas cerimónias fúnebres de bispo de Xangai não reconhecido

Remko Tanis / Flickr

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Milhares de católicos chineses reuniram-se hoje para as cerimónias fúnebres do jesuíta Joseph Fan Zhongliang, bispo de Xangai não reconhecido oficialmente, que morreu naquela cidade chinesa aos 97 anos, no domingo.

Joseph Fan Zhongliang passou 14 anos em prisão domiciliária na China.

O Governo chinês tinha proibido a transferência do corpo de Joseph Fan Zhongliang para-a catedral da diocese, pelo que a cerimónia decorreu numa casa funerária onde os fieis acorreram e foi celebrada uma missa.

A morte de Fan aconteceu 11 meses depois do falecimento do bispo oficial da capital económica chinesa, Aloysius Jin Luxian, aos 96 anos, em abril de 2013, que também passou 17 anos na prisão por se opor à associação eclesiástica oficial da China, que chegou a presidir.

O falecimento de ambos os religiosos deixa a diocese de Xangai – uma das mais importantes da China – sob pressão para que seja encontrado novo bispo, já que a sucessão está em aberto desde abril passado.

Como sucessor oficial de Jin estava designado o bispo auxiliar Thaddeus Ma Daqin, que tinha sido eleito de comum acordo entre Pequim e o Vaticano, com a mediação precisamente de Jin e Fan.

Mas durante a sua própria cerimónia de ordenação, em julho de 2012, Ma rompeu publicamente com a Associação Católica Patriótica da China, pelo que Pequim retirou-o de funções em dezembro do mesmo ano. Estima-se que Ma tenha ficado retido desde então no seminário católico de Sheshan, nos arredores de Xangai.

Segundo o portal católico chinês, Fan morreu no domingo no seu apartamento, na companhia de vários sacerdotes.

Fan foi designado pelo papa João Paulo II como bispo de Xangai em 2000, mas não foi reconhecido pela igreja oficial chinesa, que depende do Partido Comunista de China (PCCh), que por sua vez controla a República Popular desde a sua fundação em 1949. Desde a sua nomeação esteve submetido a prisão domiciliária.

Jin era o bispo oficial desde 1988 e, embora não tenha contado com a aprovação do Vaticano, conseguiu que o Papa o reconhecesse como sacerdote em 2004.

A China tem entre 8 e 12 milhões de católicos, e estima-se que cerca de metade fora da igreja oficial.

/Lusa

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