México reabre investigação ao desaparecimento dos 43 estudantes

Mario Guzman / EPA

Familiares dos 43 estudantes desaparecidos em Iguala, no México

Familiares dos 43 estudantes desaparecidos em Iguala, no México

O México criou uma unidade especial para investigar o desaparecimento de 43 estudantes no ano passado, respondendo aos pedidos das famílias, que recusam a versão dos acontecimentos apresentada pelo Governo.

Há muito que os pais dos estudantes pedem uma nova investigação ao caso que abalou o país, palco de violência ligada a cartéis de droga. A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos vai supervisionar a nova unidade de investigação.

Segundo o Ministério Público, a polícia da cidade de Iguala (estado de Guerrero, sul do México) sequestrou os estudantes e entregou-os a um gang narcotraficante Guerreros Unidos, que os matou e incinerou os corpos num terreno baldio em setembro do ano passado.

Ao citar confissões de membros deste gang, o então procurador-geral Jesus Murillo Karam disse que os estudantes foram mortos e colocados numa pira funerária que ardeu durante 14 horas, antes de as suas cinzas terem sido despejadas num rio das proximidades.

Apenas os restos humanos queimados de um estudante terá sido identificado no saco encontrado na água.

No entanto, especialistas independentes indicaram que não há provas científicas de que os estudantes tenham sido queimados – um especialista peruano em fogos concluiu mesmo ser impossível que os estudantes tenham sido queimados na lixeira em Cocula -, apelando ao Ministério Público que procure novas linhas de investigação.

Em setembro, esta nova peritagem foi anunciada pela procuradoria-geral do México na sequência de um relatório após uma investigação de seis meses.

No documento com 500 páginas, foram denunciadas numerosas irregularidades no processo oficial e conclui-se, com base na peritagem de um especialista em fogos e incêndios, e refutando a tese do governo do presidente Enrique Peña Nieto, que os estudantes não foram incinerados numa lixeira.

O “corpo colegial de peritos forenses do mais alto prestígio” vai analisar a lixeira de Cocula, onde os 43 jovens da Escola do magistério primário rural Raúl Isidro Burgos, situada na povoação de Ayotzinapa, terão sido supostamente incinerados após o seu assassínio sumário em 26 de setembro.

A procuradora Arely Gómez informou, na altura, que a investigação ministerial já motivou ações contra 131 pessoas, e os 110 suspeitos detidos enfrentam um processo judicial para responder a estes acontecimentos “que tanto indignam os mexicanos”.

/Lusa

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