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Nova medição resolve mistério da expansão do Universo

Os cientistas sabem que o Universo está em expansão, mas há uma década que discordam sobre a rapidez com que este processo está a acontecer. 

Dados que utilizam o fundo cósmico de microondas (CMB) sugerem que o valor da constante de Hubble é de cerca de 46.200 mph por milhão de anos-luz ou 67,4 quilómetros por segundo por megaparsec. Já os telescópios treinados em estrelas no universo vizinho sugerem uma medição de 50.400 mph por milhão de anos-luz (73,4 km/s/Mpc).

Apesar de não serem assim tão diferentes, estes dois valores são bastante precisos e não podem ser reconciliados um com o outro, explica o Live Science.

A tensão entre estes dois números tem sido uma contínua dor de cabeça para os investigadores. Disposta a resolver o enigma, Wendy Freedman, cosmóloga da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, dedicou-se a esta questão.

Num novo artigo científico, disponível no portal arXiv, a investigadora apresentou algumas conclusões que podem desiludir aqueles que defendem um método em detrimento do outro e até os que procuram uma nova Física para explicar a discrepância entre os valores.

Freedman passou grande parte do seu tempo a estudar as Cefeidas, estrelas que pulsam regularmente e que têm uma relação entre o período das flutuações da sua luz e o seu brilho intrínseco.

Conhecendo este brilho intrínseco e a luminosidade de uma Cefeida, os astrónomos podem calcular a sua distância e medir a velocidade a que o Universo se está a expandir nesse ponto do Espaço.

Em 2019, a equipa decidiu cruzar este método com as gigantes vermelhas, estrelas muito grandes e luminosas que atingem o brilho máximo e desvanecem rapidamente. Tal como no caso das Cefeidas, os astrónomos podem olhar para o quão escuras as estrelas aparecem da Terra para obterem uma boa estimativa da sua distância.

O resultado obtido para a constante de Hubble foi de 47.300 mph por milhão de anos-luz (69,8 km/s/Mpc), um valor que se encontra entre as outras duas medidas mas muito mais próximo do valor obtido pela observação da radiação cósmica de fundo.

“Ainda há espaço para uma nova Física, mas mesmo que não houvesse, este resultado mostra que o modelo padrão é basicamente correto, o que também é uma conclusão profunda”, reagiu Freedman.

Ao Live Science, Simon Birrer, investigador da Universidade de Stanford que não participou no estudo, disse estar muito “impressionado” com os resultados. “O artigo realça as vantagens específicas das observações das estrelas gigantes vermelhas.”

As Cefeidas são um pouco mais ruidosas. Como se situam nas regiões de formação estelar ativa das galáxias, há a hipótese de a poeira ou a contaminação de outras estrelas atrapalharem as medidas. Por outro lado, os resultados obtidos com as gigantes vermelhas “mostram que são consistentes”.

O artigo científico será publicado no Astrophysical Journal. 

Liliana Malainho, ZAP //

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