Luís Marques Mendes, ex-presidente do PSD, no habitual comentário político na SIC, avança sobre as posições que o PCP tem tido em relação ao conflito.
O PCP “está numa posição de cegueira e miopia política”, disse Luís Marques Mendes, nos habituais comentários de domingo na SIC.
Apesar de dizer que este domingo Jerónimo de Sousa tentou corrigir um pouco a situação — “mas não conseguiu” — Marques Mendes vê o PCP a fazer-se de vítima, dizendo haver uma campanha anti-PCP, segundo o Observador.
“Não, não é. Isto é o automatismo tradicional histórico do PCP: onde há EUA e NATO, o PCP está sempre do lado contrário“, lembrando que o PCP diz ser essa uma posição de coragem.
“Eu acho que é antes uma posição de cegueira e miopia política. Neste conflito há um agressor e um agredido. O dever de um partido responsável é condenar o agressor e apoiar o agredido. Fazer isto é que é um ato de coragem. O resto é míope“.
Para Marques Mendes, o PCP tem tido “uma posição inacreditável“. “Claro que o PCP tem todo o direito a ter a posição que tem. Tal como nós temos todo o direito a criticá-lo. Não vale a pena fazer-se de vítima“.
No mesmo comentário, Marques Mendes atira, ainda, à “extrema-direita europeia que, antes da guerra, estava muito aliada a Putin e recebia da Rússia grande parte do seu financiamento. Agora, já começaram a afastar-se. Perceberam que estão a perder em dois tabuleiros: o do financiamento e o da popularidade. Nem vão receber mais um euro da Rússia e correm o risco de perderem votos. Veremos já nas presidenciais francesas”.
Questionado sobre a possibilidade de haver um conselho de Estado convocado por Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes admite que possa fazê-lo depois do Conselho Europeu que vai ocorrer, a 10 e 11 de março. Não foi convocado? “Que eu saiba não”.
Em relação à guerra, Marques Mendes criticou a decisão da União Europeia de proibir alguns media russos de operarem no espaço europeu.
“No melhor pano cai a nódoa. Esta censura é inadmissível. Mesmo em tempo de guerra, uma democracia não pode ser igual a uma tirania e a um regime autocrata. Em matéria de liberdade de expressão a UE não pode ser igual à Rússia. É esta a superioridade moral das democracias”.
Para o comentador, há uma necessidade imperiosa de ter um mediador credível, havendo quatro candidatos possíveis.
“Israel, que tem uma boa relação com ambas as partes e está particularmente ativo; a Índia, que está discreta, mas pode ter um papel importante; a Turquia, que gostaria de mediar um acordo, mas tem anticorpos consideráveis; e a China que é a China”.
De qualquer forma, considera que Putin está isolado e mesmo que ganhe a guerra em termos militares, perdeu-a em termos políticos.
“No imediato cavou o seu isolamento internacional”, disse, acrescentando “no médio e longo prazo, esta guerra vai ser uma tragédia para Putin”.
Perde porque, no plano económico, a Rússia “vai sair de rastos” deste conflito. No energético, “vai perder o mercado europeu”, vai ter a NATO “mais forte e mais perto de casa” e a União Europeia poderá ter ganhado com esta crise um papel de potência internacional.
Apesar de realçar o impacto das sanções na economia russa, Marques Mendes fala, por outro lado, do impacto na União Europeia e em particular na Zona Euro.
Citando a previsão do Instituto de Investigação Económica e Social do Reino Unido, o PIB da Zona Euro deve recuar 1% em 2022 e 1,5% em 2023.
Mas a UE está a estudar duas questões: “adiar por mais um ano a aplicação das regras do Pacto de Estabilidade e alargar os prazos de aplicação dos fundos estruturais”.
É verdade, o PCP tem tanta miopia como um certo comentador iluminado que garantia que o BES era sólido e não tinha qualquer problema…