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A violência na “Grande Marcha do Retorno” já matou 17 palestinianos

Abed Al Hashlamoun / EPA

Um palestiniano morreu após ter sido ferido na sexta-feira por tiros de soldados israelitas junto à fronteira, fazendo subir para 17 o número de palestinianos mortos naquelas manifestações fronteiriças.

Faris al-Raqib, de 29 anos, foi atingido no estômago quando participava no sul da faixa de Gaza numa marcha que reuniu dezenas de milhares de manifestantes palestinianos.

A passada sexta-feira foi o dia mais mortífero no enclave palestiniano desde a guerra de 2014 com Israel. Além dos 17 mortos, mais de 1.400 palestinianos ficaram feridos, 757 com tiros de balas reais, segundo o Ministério da Saúde.

Faris al-Raqib era membro da Jihad Islâmica mas, segundo este movimento radical, não estava armado quando foi ferido.

Cinco dos 17 manifestantes mortos eram membros do movimento radical Hamas, que participavam nas “manifestações populares ao lado do seu povo”, anunciou o braço armado desta organização islâmica que dirige a faixa de Gaza.

O exército israelita afirmou, por seu turno, que dez dos palestinianos mortos tinham “passados terroristas” no seio do Hamas e de outros grupos como a Jihad Islâmica.

O organismo militar israelita que gere os territórios palestinianos ocupados (COGAT) informou que decidiu reter os corpos de dois palestinianos que morreram porque “estavam armados com armas de fogo e a sua intenção era cometer um ataque terrorista em Israel”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a alta-representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, exigiram um “inquérito independente” à utilização por Israel de balas reais, um pedido rapidamente rejeitado pelo Estado hebreu.

O ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, qualificou como “hipócritas” os apelos para abrir uma investigação. “Não haverá comissão de inquérito. Não haverá tal coisa aqui, nem vamos cooperar com nenhuma comissão de inquérito”, disse o governante, em declarações à rádio pública israelita.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, também rejeitou todas as críticas e manifestou o seu apoio ao exército. “Bravo aos nossos soldados”, afirmou. “O exército mais ético do mundo não recebe lições de moral por parte daquele que bombardeia civis de forma indiscriminada há vários anos”, escreveu no Twitter, numa alusão ao Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que acusou, no sábado, as autoridades israelitas de terem cometido um “ataque desumano”.

Os EUA bloquearam no sábado um projeto de declaração do Conselho de Segurança da ONU apelando a “todas as partes à contenção e a evitarem qualquer nova escalada”, bem como a um inquérito sobre os confrontos.

Na última sexta-feira, dezenas de milhares de palestinianos concentraram-se junto da barreira de segurança que separa Israel da faixa de Gaza no primeiro dia da chamada “Grande Marcha do Retorno”.

O protesto, que deverá durar mais de seis semanas, visa exigir o “direito ao retorno” dos palestinianos, dos quais centenas de milhares foram expulsos das suas terras durante a guerra que se seguiu à criação de Israel, em 1948.

O fim do protesto está marcado para 15 de maio, o aniversário da criação de Israel, designado pelos palestinianos como ‘Nakba’ (catástrofe).

Um dia antes deverá ser inaugurada a embaixada dos EUA em Jerusalém, um sinal do reconhecimento norte-americano desta cidade como a capital de Israel, visto pelos palestinianos como a negação da sua reivindicação à parte oriental de Jerusalém, ocupada e anexada pelos israelitas.

ZAP // Lusa

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