Máquina permitiu que um fígado fosse transplantado depois de ter ficado 3 dias fora do corpo

Uma equipa da Liver4Life conseguiu fazer algo que nunca tinha sido conseguido na história da Medicina: tratou um fígado humano originalmente danificado numa máquina, mantendo-se fora do corpo durante três dias, e transplantou o órgão num paciente com cancro.

Investigadores da startup suíça Liver4Life conseguiram preservar um fígado fora do corpo humano durante três dias. Depois, transplantaram o órgão num paciente.

O fígado pertencia a uma mulher de 29 anos, mas apresentava uma lesão, precisando de um tratamento com uma duração mínima de 24 horas – o dobro do tempo que um órgão pode permanecer fora do corpo humano e sem a conservação normalmente utilizada para que sejam feitos os transplantes.

Os médicos recorreram a uma técnica chamada perfusão normotérmica ex situ e supriram o órgão com sangue, imitando a pressão e a temperatura corporal de um organismo vivo. A máquina desenvolvida pela equipa é um simulacro das condições do corpo humano, o que permitiu que o fígado continuasse a funcionar.

Segundo o Science Daily, o equipamento desenvolvido pela equipa ajudou a imitar o ritmo de uma respiração humana e a monitorizar a produção de bile, a substância essencial para a absorção de vitaminas.

Uma bomba serviu de coração de substituição, um oxigenador substituiu os pulmões e uma unidade de diálise desempenhou as funções dos rins. Além disso, numerosas infusões hormonais e de nutrientes desempenharam as funções do intestino e do pâncreas.

A equipa também preparou o fígado na máquina com vários fármacos, tornando-o um bom órgão humano, apesar de originalmente não ter sido aprovado para transplante devido à sua má qualidade.

Os médicos ofereceram o fígado a um paciente de 62 anos com cancro que estava na lista de espera de transplantes e, após o seu consentimento, o órgão foi transplantado em maio de 2021.

O paciente saiu do hospital alguns dias após o transplante e, agora, encontra-se estável e de perfeita saúde. “Estou muito grato. Devido ao meu tumor em rápido progresso, tive poucas hipóteses de obter um fígado da lista de espera dentro de um período de tempo razoável.”

O estudo destaca que “o paciente recuperou rapidamente uma qualidade de vida normal sem quaisquer sinais de dano hepático, como rejeição ou lesão dos ductos biliares, de acordo com um acompanhamento de um ano”.

O artigo científico com os detalhes deste feito foi publicado, no final de maio, na Nature Biotechnology.

ZAP //

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