A maldição da famosa pintura “O Menino da Lágrima”

ZAP // Pixabay

Há vários relatos de incêndios em casas, com a famosa pintura do Menino da Lágrima a escapar intacta, o que alimentou teorias sobre uma possível maldição.

Num bairro de South Yorkshire, em Inglaterra, quando Thatcher era primeira-ministra, uma casa foi devastada por um incêndio. A sala de estar ficou completamente carbonizada, com cortinas e mobília reduzidas a cinzas.

Os proprietários, Ron e May Hall, perderam quase tudo, exceto uma pintura: um menino a chorar, cujos olhos observavam a destruição, sem qualquer dano pelo fumo.

Esta não era a primeira vez que uma imagem de um menino a chorar era encontrada no meio das cinzas de uma casa incendiada. Em 4 de setembro de 1985, o tablóide britânico The Sun publicou “Blazing Curse of the Crying Boy Picture!”, um artigo a relatar vários casos em que sobre as pinturas azaradas que causavam incêndios. Segundo um bombeiro local, estas pinturas apareciam misteriosamente intactas em incêndios por todo o Reino Unido, todos a começar espontaneamente.

As pinturas, relíquias estranhas da arte impressa em massa, eram populares entre os jovens casais entre as décadas de 1950 e 1970. A obscuridade do pintor Giovanni Bragolin — autor do famoso quadro O Menino da Lágrima que ainda hoje está pendurado em muitas casas — alimentou a lenda.

Muitos rumores indicavam que o artista pintou centenas de crianças a chorar, muitas delas órfãs, em Itália ou Espanha. Um livro de histórias assustadoras de 2000, “Haunted Liverpool”, afirmou que o pintor se chamava, na verdade, Franchot Seville.

O jornalista David Clark, que pesquisou a lenda para a Fortean Times e no seu site, identificou que Bragolin e Seville eram pseudónimos do pintor espanhol Bruno Amadio. Amadio teria pintado cerca de 20-30 destes meninos chorosos após treinar em Veneza depois da Segunda Guerra Mundial, escreve a Atlas Obscura.

Em 1985, o The Sun incentivou o público a enviar as suas pinturas do Menino da Lágrima para serem destruídas. Centenas de pinturas foram enviadas e queimadas numa fogueira perto do Rio Tâmisa, alegadamente dissolvendo a maldição.

No livro The Martians Have Landed, que relata várias lendas e notícias falsas propagadas pelos media, Robert Bartholomew e Benjamin Radford relatam que muitas pessoas escreveram para outros jornais em resposta à cobertura do The Sun, incluindo uma mulher que não conseguia “pensar numa razão pela qual uma imagem tão linda pudesse de repente ser considerada azarada”, mas queria deitá-la fora na mesma, pelo sim pelo não.

Apesar das respostas dos cépticos à angústia do público através de entrevistas e cartas abertas, a história manteve-se. Uma publicação no website do Committee for Skeptical Inquiry diz que o The Sun acrescentou detalhes importantes, como o facto de o menino ter sido maltratado pelo pintor, com a explicação de que “estes incêndios podem ser a maldição da criança, a sua forma de se vingar”.

Steven Punt, comediante e escritor, também explorou a lenda no seu programa de rádio Punt PI, e deu de caras com a história de Jane McCutchin, que pendurou a impressão na sua sala nos anos 80.

Quando a sua casa foi destruída por um incêndio, apenas a pintura do menino a chorar permaneceu intacta. “Oh não, não outro“, terá dito um bombeiro que respondeu ao incêndio na casa de McCutchin, que prontamente se livrou da pintura amaldiçoada.

Punt decidiu comprar uma pintura semelhante e descobriu que ela não se queimava facilmente, possivelmente devido a um verniz retardador de chamas —podendo esta maldição ser assim facilmente explicada.

No entanto, a lenda d’O Menino da Lágrima sobreviveu na era da internet, gerando clubes de fãs e discussões em blogs até hoje.

Adriana Peixoto, ZAP //

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