VML

Resistente, sustentável e promissor. É esta a pele de T. rex que… é muito improvável que exista.
Seria de esperar uma inovação surpreendente da empresa de marketing que promoveu a “almôndega de mamute”. Mas ninguém esperava uma mala de pele T. rex.
É claro que, não existindo de facto este animal nos dias de hoje, esta pele foi criada em laboratório. Só que os cientistas alegam que o material foi criado através de ADN de dinossauro.
A nova pele chegou ao mercado através da colaboração entre a The Organoid Company, uma empresa de engenharia genómica sediada nos Países Baixos, a Lab-Grown Leather, sediada no Reino Unido, uma empresa especializada em biomateriais “sem andaimes”, e a VML, uma agência de marketing americana.
Objetivo, explica a equipa de cientistas, é tornar a indústria das peles mais sustentável, evitando a morte de animais. Agora, a VLM escreve num comunicado que este novo couro contém uma “durabilidade natural, a possibilidade de reparação e a tatilidade esperada em artigos de couro de alta qualidade”.
“Ao reconstruir e otimizar sequências de proteínas antigas, podemos conceber o couro de T. rex, um biomaterial inspirado na biologia pré-histórica, e cloná-lo numa linha celular concebida à medida”, assegura Thomas Mitchell, CEO da The Organoid Company. “Somos apaixonados por alargar as fronteiras da biologia sintética… para criar alternativas sustentáveis para os materiais de amanhã.”
Tem tudo para ser promissor — e caro. Mas será real? Como se faz uma pele de T. rex? E como se extrai o seu ADN?
De acordo com a Science Alert, até no caso das espécies mais bem preservadas o ADN não sobrevive muito mais do que um milhão de anos antes de se tornar demasiado fragmentado e degradado para ser sequenciado. O T. rex está extinto há… 66 milhões de anos. Poucas esperanças para este animal longínquo ser recuperado.
Um estudo de 2007 garantia ter sequenciado sete fragmentos curtos de péptidos de colagénio tipo 1 de um fóssil de T. rex. Só que a ideia não convenceu a comunidade científica, que negou que tivesse sido bem assim.
Pode ser possível que o colagénio tipo 1, presente em todos os vertebrados, sobreviva no dinossauro — há quem acredite que esta proteína se mantenha por 200 milhões de anos — mas é extremamente difícil.
Mesmo que o colagénio do T. rex identificado em 2007 fosse genuíno, estava demasiado fragmentado para uma recriação completa, argumenta a Science Alert.
Na melhor das hipóteses, esta pele cultivada em laboratório conterá alguns pequenos fragmentos de filamentos de colagénio que podem ter uma semelhança passageira com a do T. rex.