Mais velho, menos rico, mas com mais estudos: Eis o retrato atual do trabalhador português

Miguel A. Lopes/LUSA

Segundo dados divulgados pela Pordata, os trabalhadores portugueses estão cada vez mais velhos e recebem dos salários mais baixos da Europa. Portugal tem ainda a maior proporção de patrões sem instrução ou com o ensino básico.

Começando, desde logo, pela liderança, Portugal é o país da União Europeia (UE) que tem a maior proporção de patrões sem instrução ou com o ensino básico.

Num retrato sobre o mercado de trabalho em Portugal, no âmbito do 1.º de Maio (Dia do Trabalhador), a Pordata destaca que 44% dos trabalhadores por conta própria como empregadores têm, no máximo, até ao 9.º ano de escolaridade.

No entanto, verifica-se uma evolução positiva face aos 60% registados há 10 anos.

A Pordata realça que, por outro lado, em 2023, os trabalhadores por conta de outrem em Portugal estavam igualmente distribuídos por nível de escolaridade: 1/3 até ao 9.º ano, 1/3 com ensino secundário e 1/3 com curso superior.

Segundo os dados, o maior aumento de trabalhadores por nível de ensino, em 10 anos, registou-se nos licenciados (+10 pontos percentuais) e a maior diminuição nas pessoas com o 1.º ciclo do ensino básico, ou seja, o 4.º ano (-7 pontos percentuais).

Em 2013, 1,2% dos trabalhadores por conta de outrem não tinham nenhum ciclo de ensino, 13,3% tinha o primeiro ciclo, 13,8% o segundo ciclo e 22,4% o terceiro ciclo, enquanto 25,7% tinha o ensino secundário e pós-secundário e 23,6% o ensino superior. Em 2023, 0,5% não tinham nenhum ciclo de ensino, 6,3% tinham o primeiro ciclo, 8,9% o segundo ciclo, 18,2% o terceiro ciclo, 33% ensino secundário e pós-secundário e 33,1% o ensino superior.

Trabalhadores muito envelhecidos

Cerca de 50% dos trabalhadores portugueses têm entre 44 e 64 anos, sendo o quarto país da UE com a força laboral mais envelhecida.

Portugal, por cada 100 trabalhadores com menos de 35 anos tem 99 com mais de 54 anos, sendo apenas ultrapassado pela Bulgária, Letónia e Itália

No retrato que a Pordata preparou para o Dia do Trabalhador, verifica-se que o trabalhador médio português envelheceu face há 20 anos.

Em 2013, um terço dos trabalhadores tinha entre 44 e 64 anos, mas em 2023 praticamente metade estão nessa faixa etária.

Em paralelo, os jovens trabalhadores até aos 24 anos diminuíram mais de 40%.

Por seu turno, o escalão etário dos trabalhadores que mais aumentou foi o que se situa entre os 55 e os 64 anos, registando uma subida de 66%.

Os dados compilados pela Pordata revelam ainda que Portugal é o segundo país dos 27 da UE, a seguir a Espanha, com menos jovens entre os 25 e os 34 anos no total dos trabalhadores.

Top-5 de salários mais baixos

Portugal é o 5.º país da UE com o salário médio mais baixo, quando considerando o custo de vida, apenas acima da Eslováquia, Grécia, Hungria e Bulgária.

As áreas da agricultura e pescas e alojamento e restauração os setores onde menos se ganha.

A Pordata indica ainda que tanto o salário mínimo nacional, como o salário médio português estão entre os 10 mais baixos da UE, sendo que os salários nos 10 países que registam os mais elevados são, pelo menos, duas vezes superiores aos dos 10 países da cauda (onde se inclui Portugal).

Também o salário mínimo português, quando considerado em paridade de poder de compra, está entre os 10 mais baixos dos 22 países da união europeia com salário mínimo.

“Em 20 anos, Portugal foi ultrapassado pela Polónia, Lituânia e Roménia no que diz respeito ao salário mínimo nacional (SMN)”, refere, acrescentando que o salário mínimo nacional é 26% mais baixo do que em Espanha e 47% do que em França.

Os dados revelam que o ordenado médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, em Portugal, (incluindo horas extra, subsídios de férias e Natal ou prémios) foi de 1.368 euros em 2022.

“O salário mínimo nacional está cada vez mais próximo do ordenado médio. Em 2002, o salário mínimo correspondia a 43% do ganho médio e em 2022 esta percentagem já tinha subido para 52%”, assinala.

A fotografia da Pordata indica ainda que o salário médio em Portugal dos trabalhadores do setor do alojamento e restauração (873 euros) e o da agricultura e pescas (916 euros) estão entre os mais baixos.

Por outro lado, o setor das atividades financeiras e de seguros (1.705 euros), da eletricidade, gás e água (2.243 euros) e de organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (3.156 euros) são aquele em que o salário médio é mais elevado.

Afinal, onde nos destacamos?

Por outro lado, Portugal superou a meta europeia de, até 2030, pelo menos 78% da população entre os 20 e os 64 anos estar empregada, com um valor de 78,2%, fixando-se acima da média da UE (75%).

O país atingiu também a meta de a percentagem de jovens entre os 15 e os 29 anos que não estuda, nem trabalha não ultrapasse 9%. Em 2023, registou uma taxa de 8,9%.

Portugal ainda ocupa a 13.ª posição dos países da UE no que respeita aos acidentes de trabalho, tendo diminuído a sua ocorrência para metade em 10 anos e situando-se nos dois acidentes de trabalho por 100 mil empregados.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.