Uma tábua cuneiforme acadiana com 3.800 anos de idade foi encontrada durante escavações arqueológicas conduzidas no Monte Aççana, a antiga cidade de Alalakh, no sul da Turquia. Regista o contrato de venda de uma cidade — com as partes e respetivas testemunhas.
Localizada no Vale Amuq de Hatay, na Turquia, perto da atual Antioquia, Alalakh, ou Tell Atchana, era a capital do reino de Mukish no segundo milénio a.C.
Foi uma das cidades mais famosas do mundo antigo, parte do grande reino de Yamhad na Idade do Bronze Média, que foi integrado no Império Hitita no final do século XIV a.C.
No dia 6 de fevereiro, um terramoto com epicentro em Kahramanmaraş causou grande destruição na cidade de Hatay — e atingiu também o Monte Aççana, no distrito de Reyhanlı, onde Alalakh estava localizada durante os períodos da Idade do Bronze Médio e Final.
Após o terramoto, o Ministério da Cultura e Turismo da Turquia due início a trabalhos de restauração e conservação no monte, onde algumas partes das paredes do palácio da antiga cidade tinham sido danificadas.
Ao remover os escombros da parede no âmbito do estudo, a equipa de conservadores encontrou uma tábua de argila cuneiforme com 3.800 anos.
“A tábua contém o contrato de venda de uma cidade, com informações sobre as partes e testemunhas”, explica Murat Akar, líder das escavações e investigador da Universidade Mustafa Kemal de Hatay, à agência estatal turca Anadolu.
Num primeiro exame da tábua acadiana, os investigadores identificaram informações sobre um acordo feito por Yarim-Lim, o primeiro rei conhecido de Alalakh, para comprar outra cidade.
A tábua, datada de há 3.800 anos, está bem conservada. “Foi muito emocionante encontrar uma tábua que nunca tinha sido tocada ou danificada”, diz Murat Akar, citado pelo Arkeonews.
Segundo o investigador, o período histórico do artefacto estende-se até à Idade do Bronze Média. “Durante o período que definimos como Idade do Bronze Média, observamos que os reis desta região possuíam poder económico. Isto é evidenciado por exemplos espantosos documentados em registos escritos”.
“A tábua contém provavelmente os nomes de pessoas importantes da cidade que testemunharam esta venda. É uma espécie de lista de testemunhas do contrato”, detalha Akar.