Confusão instalou-se no dia seguinte às eleições presidenciais na Venezuela. Milhares foram para a rua dizer que não acreditam no resultado.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos. Mas milhares de locais não acreditam.
Com gritos de “Até ao fim”, milhares de venezuelanos foram nesta segunda-feira para as ruas rejeitar os resultados divulgados pelo CNE.
Os protestos começaram em várias regiões do interior do país, entre elas o estado de Falcón, onde na Plaza Chávez de Las Eugénias, dezenas de manifestantes estavam a tentar derrubar uma estátua do falecido líder socialista, Hugo Chávez, que presidiu o país entre 1999 e 2013.
Another dictator and Putin ally is being toppled, this time in Venezuela. pic.twitter.com/cenhqbnXXE
— Pekka Kallioniemi (@P_Kallioniemi) July 30, 2024
Em La Isabelica, Valência, Estado de Carabobo (centro-norte do país) centenas de pessoas, entre as quais dezenas de motociclistas saíram às ruas para protestar contra os resultados.
Na autoestrada que liga Caracas ao vizinho estado de La Guaira (norte) populares colocaram pneus em chamas impedindo a circulação.
Por outro lado, na zona leste da cidade de Caracas, no bairro pobre de Petare, tido como o maior da América Latina, várias pessoas, algumas delas encapuzadas, saíram às ruas gritando palavras de ordem contra Nicolás Maduro, tendo destruído alguns dos seus cartazes da campanha.
Centenas de manifestantes, a pé e em motocicleta, foram desde o centro de Petare até aos galpões dos armazéns do CNE em Mariche, gritando e cantarolando “vai cair. Este Governo vai cair” e “vamos até ao fim”, diziam os manifestantes a gritos.
Ainda em Caracas, no bairro pobre de El Cementério, os manifestantes expulsaram vários funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (PNB, polícia militar), enquanto gritavam “covardes (…) não saíram a defender o país”.
Apesar da chuva, em Los Teques (30 quilómetros a sul de Caracas), centenas de pessoas marcharam em protesto desde a Avenida Independência até La Matica, em rechaço aos resultados eleitorais.
Por outro lado, em Maracaibo, no estado de Zúlia, oeste do país, as forças de segurança dispersaram vários manifestantes com gás lacrimogénio, segundo vídeos divulgados pelas redes sociais.
Em Arágua, a 100 quilómetros de Caracas, centenas de populares concentraram-se junto da base Aérea Libertador
À medida que as manifestações decorrem e os manifestantes percorrem as ruas, ao aproximar-se as peças tocam, em apoio, tachos e vuvuzelas desde as janelas.
Os protestos têm lugar depois de o Procurador-geral da Venezuela, Tareck William Saab advertir que “poderiam ser penalizados com cárcere” os cidadãos que venham a ser acusados de violência ou que recusem os resultados anunciados pelo CNE que deram a vitória de Nicolás Maduro.
“Alertamos para o facto de os atos de violência e os apelos poderem ser enquadrados como crimes de incitamento público. Com uma pena de três a seis anos de prisão”, afirmou num discurso transmitido pelas televisões locais.
Tareck William Saab explicou ainda que o Ministério Público da Venezuela iniciou uma investigação contra os opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, por alegado envolvimento num ataque contra o sistema de transmissão de dados do CNE que teria como propósito alterar os resultados das eleições presidenciais.
🟥 URGENTE l VENEZUELA ENTRA EN PARO NACIONAL INDEFINIDIDO hasta que Maduro deje el poder, vivo o muerto. Los venezolanos NO ABANDONARÁN LAS CALLES hasta que caiga la dictadura. Yo estoy con este pueblo LIBRE y tú? 🔥🇻🇪 pic.twitter.com/k7Y5mrBeLF
— Reacción Nacional (@RNacional_News) July 30, 2024
Uma organização não-governamental (ONG) disse que uma pessoa morreu numa destas manifestações.
“Pelo menos uma pessoa foi morta no estado de Yaracuy (noroeste) e 46 pessoas estão detidas“, depois dos acontecimentos pós-eleitorais, escreveu o diretor da ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos, Alfredo Romero, numa mensagem na rede social X.
Mais tarde, fontes independentes citadas em diversos órgãos de comunicação social denunciaram a morte violenta de pelo menos 7 pessoas, enquanto muitas outras situações estão a ser investigadas.
Afinal, houve problemas
Dezenas de pessoas foram detidas nas últimas horas por envolvimento em ações “criminosas e terroristas” na Venezuela, depois das presidenciais de domingo, disse o Presidente Nicolás Maduro, responsabilizando a oposição por esses acontecimentos.
“Assistimos a uma série de acontecimentos (…) ataques violentos, que podem ser chamados de criminosos, terroristas (…) várias dezenas dessas pessoas foram capturadas em flagrante delito”, disse, na segunda-feira.
O líder chavista, no poder desde 2013, indicou que 80% dos detidos “têm antecedentes criminais” e alguns deles foram deportados para o país dos dos Estados Unidos, mas não forneceu identidades, nem pormenores.
Além disso, quase 90% “têm duas características: estão num estado avançado de toxicodependência e estão armados”.
“Apelo à mais poderosa reação de repúdio destes atos criminosos, realizados por delinquentes dos ‘comanditos'”, disse Maduro, referindo-se a grupos de cidadãos ligados à Plataforma Unitária Democrática (PUD), o principal bloco da oposição, que acusou de ter um plano para “desestabilizar novamente a Venezuela”.
Entre as ações denunciadas por Maduro, contam-se ataques a “uma centena” das mais de 15.000 assembleias de voto instaladas para as eleições, destruição de “material eleitoral”, fogo posto em “gabinetes de presidentes de câmara” e ataques a membros das Forças Armadas Nacionais e agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB).
Estas acusações das autoridades não foram feitas no domingo, quando garantiram que o dia tinha decorrido sem incidentes.
O governo disse que pelo menos 23 soldados foram feridos, “alguns com armas de fogo, vítimas dos atos violentos” de segunda-feira, quando milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas e de várias regiões do país para protestar, ações que, em várias delas, foram reprimidas por militares e policiais.
Durante o dia, pelo menos quatro estátuas do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) foram derrubadas por manifestantes, em repúdio aos resultados oficiais das eleições, anunciados pelo CNE, de acordo com os quais Maduro obteve 51,2% dos votos e o candidato da PUD, Edmundo González Urrutia 44,2%, dados amplamente questionados pela coligação de oposição e grande parte da comunidade internacional.
“Golpe de Estado”
Nicolás Maduro alegou também estar em curso uma tentativa de golpe de Estado “de natureza fascista”, perante dúvidas sobre o processo da sua reeleição, rejeitada pela oposição e parte da comunidade internacional.
“Está a ser feita uma tentativa na Venezuela para impor um golpe de Estado, mais uma vez, de natureza fascista e contrarrevolucionária”, frisou Maduro, durante a cerimónia de proclamação como Presidente reeleito, na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Maduro garantiu que este é “o mesmo filme” e “com um argumento semelhante” ao que viveu em 2019, em que “os protagonistas” são “os mesmos”.
O líder chavista alegou que “estão a ser ensaiados os primeiros passos falhados para desestabilizar a Venezuela” e para impor novamente um “manto de agressão e danos”, uma “espécie de filme [Juan] Guaidó 2.0”, em referência ao período em que o opositor se autoproclamou “Presidente interino” do país, um ‘mandato’ reconhecido por cinquenta países que nunca foi capaz de exercer, carecendo de instituições e de poder real.
Nicolás Maduro proclamou que as eleições de domingo foram “uma jornada histórica” e “uma batalha definitiva contra o fascismo”.
Provas
A líder anti-chavista Maria Corina Machado garantiu na segunda-feira que a oposição tem meios para provar a “vitória esmagadora” do seu candidato Edmundo Gonzalez Urrutia nas eleições presidenciais sobre Nicolás Maduro.
“Temos 73,20% das atas e, com este resultado, o nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia (…) A diferença foi tão grande, tão grande, a diferença foi esmagadora, a diferença estava em todos os estados da Venezuela”, frisou a ex-deputada, ao lado de Edmundo González Urrutia, líder da Plataforma Unitária Democrática (PUD), o maior bloco da oposição.
Machado indicou que, de acordo com 73,20% das atas, Maduro obteve 2.759.256 votos, enquanto González Urrutia 6.275.182.
A opositora explicou que todas estas atas foram verificadas e digitalizadas, para serem publicadas num portal de Internet robusto que “vários líderes globais já estão a consultar” e que será público nas próximas horas, para que todos possam ver as “provas de vitória” de González Urrutia.
Por seu lado, o ex-embaixador prometeu que “a vontade manifestada ontem (domingo) através do seu voto” será “respeitada, esse é o único caminho para a paz”.
“Temos nas mãos os registos que demonstram a nossa vitória categórica e matematicamente irreversível”, afirmou o candidato, que agradeceu à comunidade internacional a sua solidariedade e apoio.
Tenemos en nuestras manos las actas que demuestran nuestro triunfo histórico, categórico y matemáticamente irreversible.
Agradezco profundamente a la comunidad internacional por su solidaridad y apoyo en estos momentos cruciales.
Venezuela desea paz y el reconocimiento a la… pic.twitter.com/ULwGceHZ1T
— Edmundo González (@EdmundoGU) July 30, 2024
Voos suspensos
A Venezuela vai suspender os voos de e para o Panamá e a República Dominicana, a partir de quarta-feira, devido a “ações de ingerência” dos governos destes dois países, anunciou o Governo.
A decisão foi tomada depois de aqueles países terem questionado a transparência da reeleição do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou o Ministério dos Transportes, em comunicado.
Caracas anunciou “a suspensão temporária dos voos comerciais de e para a República Bolivariana da Venezuela para o Panamá e República Dominicana, com efeitos a partir de 31 de julho”.
ZAP // Lusa
Este palhaço não passa de um ditadorzeco. Vai acabar mal.
Tipos como este facho , são de os meter todos dentro de un saco juntos e atirados ao Mar ! . isto é sem querer Poluir o Mar , pensando bem , era melhor a inceneração !
O comunismo ja devia ser proibido. Ha muito tempo
O nosso PCP é que fala verdade ao afirmar que não houve batota nenhuma.
O resto é tudo mentira -:) -:) -:)
E a restante extrema esquerda (habituada a comentar tudo), não diz nada …