Maduro desafia oposição para eleições legislativas antecipadas

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(h) Miraflores Press Office

“Vamos avaliar-nos eleitoralmente, vamos a eleições antecipadas da Assembleia Nacional para ver quem tem os votos e ver quem ganha”, propôs o Presidente Nicolás Maduro.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs esta segunda-feira antecipar as eleições legislativas, previstas para 2020, como forma de encontrar uma “solução pacifica” para a crise que afeta o país e desafiou a oposição a ir a votos.

“Tenho uma proposta hoje, 20 de maio, para as oposições: vamos avaliar-nos eleitoralmente, vamos a eleições antecipadas da Assembleia Nacional para ver quem tem os votos e ver quem ganha”, disse Maduro.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó, que é presidente da Assembleia Nacional, onde a oposição detém a maioria, jurou assumir as funções de Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Na madrugada de 30 de abril, um grupo de militares manifestou apoio a Juan Guaidó, que pediu à população para sair à rua e exigir uma mudança de regime, mas não houve desenvolvimentos na situação até ao momento.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou as iniciativas do presidente da Assembleia Nacional (parlamento) como uma tentativa de golpe de Estado liderado pelos Estados Unidos.

À crise política na Venezuela, onde vive uma grande comunidade portuguesa e lusodescendente, soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo os dados das Nações Unidas.

Maduro avisa que “não é ingénuo”

Maduro afirmou ainda que foi “muito positiva” a primeira ronda de diálogo com a mediação da Noruega, mas advertiu a oposição que “não é ingénuo”. “Tivemos uma primeira ronda com a mediação do Governo da Noruega. Tenho que dizer que foi muito positiva. Sou um homem que acredita na palavra como veículo de comunicação para superar as diferenças”, disse o chefe de Estado venezuelano.

Nicolás Maduro dirigia-se a milhares de simpatizantes que se concentraram junto ao palácio presidencial de Miraflores para celebrar o primeiro aniversário de 20 de maio de 2018, dia em que foi reeleito para um novo mandato numas eleições presidenciais que a oposição questiona e que vários países não reconhecem.

Eu sou um homem essencialmente de paz, porque o que eu conheço é a paz, a luta pela paz. Mas não pensem que sou ingénuo. Não se confundam”, disse. Apesar de acreditar “na paz e no diálogo”, Nicolás Maduro frisou que está a preparar o povo para “defender a pátria, como for, onde for e quando for”.

“E vou empenhar-me, com todo o meu esforço e dedicação, para que a Venezuela consiga, o mais rapidamente possível, um acordo de paz com a oposição venezuelana. Um acordo de concórdia e respeito”, que leve os opositores a “regressarem ao caminho constitucional”, vincou. No entanto, advertiu que os venezuelanos devem estar alerta.

“Isso sim, olhos abertos, são muito malucos, demasiado maus, eu sei com quem estamos a falar que se ofendam se quiserem. Falamos com o diabo, que Deus nos ampare e proteja, mas se com o próprio diabo há que falar, pela paz e a prosperidade da Venezuela, pois vamos falar com o próprio diabo”, disse.

As declarações do Presidente Nicolás Maduro tiveram lugar horas depois de Carlos Vecchio, representante diplomático do líder opositor Juan Guaidó, ter tido um encontro nos EUA com o subsecretário norte-americano da Defesa, Sérgio de la Peña, e o enviado do Departamento de Estado dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams.

Durante a reunião debateram “todos os aspetos relacionados com a crise na Venezuela”, explicou Carlos Vecchio durante uma conferência de imprensa em La Florida, EUA. “Vamos embora positivos, acho que houve um ponto importante de avanço”, disse.

O Presidente Nicolás Maduro recebeu, na noite de quinta-feira, os representantes do Grupo de Contacto Internacional (GCI) no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas. A reunião resultou da presença em Caracas de uma missão política do GCI, na qual Portugal está representado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.

 

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Vamos ver agora quem é o “ditador”… Se é Maduro que concorda em fazer eleições antecipadas com observadores internacionais, ou se é Guaidó, Presidente “auto-proclamado” com legitimidade reconhecida pelos líderes dos outros países, mas não pelo povo do seu país.

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