LUDOVIC MARIN ; POOL/EPA

O presidente da França, Emmanuel Macron (à direita), olha para o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer (à esquerda), durante uma reunião trilateral com o chanceler alemão, Friedrich Merz (não fotografado), a bordo de um comboio com destino à Ucrânia.
Polémica instalou-se nas redes sociais e o Palácio do Eliseu teve de esclarecer a presença de um objeto branco à mesa da reunião trilateral entre os líderes francês, britânico e alemão no comboio que seguia para Kiev.
O gabinete de Emmanuel Macron viu-se esta segunda-feira forçado a desmentir os rumores de que o presidente francês levou cocaína para a visita diplomática a Kiev na passada sexta-feira.
A polémica surgiu após um vídeo em que se via Macron reunido com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, num comboio com destino à Ucrânia. Macron é visto a pegar num objeto branco e a retirá-lo da mesa.
Na Internet, começou logo a circular o rumor de que o objeto era um saco com cocaína. Merz não saiu ileso de acusações, com muitos utilizadores nas redes sociais a dizer que o chanceler escondeu simultaneamente uma colher de rapé — uma colher pequena utilizada para a insuflação nasal de substâncias em pó — que estaria em cima da mesa.
Eis o vídeo em causa, em que, aos 0:32 minutos, surge o momento polémico:
São já centenas de republicações do vídeo nas redes sociais, acompanhadas de duras acusações contra os líderes mundiais. Alex Jones, conhecido conspiracionista de extrema-direita com mais de 4 milhões de seguidores no X, foi um dos que partilhou o vídeo com alegações sem provas concretas. Mais tarde, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova também partilhou o vídeo.
No X, veem-se também várias montagens falsas em que se vê Macron a sorrir com um pó branco espalhado pela cara, ou até versões falsas do mesmo vídeo criadas com a ajuda de Inteligência Artificial (IA) dos líderes a consumir a droga e a despirem-se para dançar durante a reunião trilateral.
Este domingo, o Palácio do Eliseu veio esclarecer tudo: “isto é um lenço de papel. Para assoar o nariz“.
“Quando a unidade europeia se torna inconveniente, a desinformação chega ao ponto de fazer com que um simples lenço de papel pareça uma droga. Estas notícias falsas estão a ser divulgadas pelos adversários da França, tanto no exterior como no interior. Devemos permanecer vigilantes contra a manipulação”, avisou a conta da residência oficial do presidente da República Francesa numa publicação no X.
When European unity becomes inconvenient, disinformation goes so far as to make a simple tissue look like drugs.
This fake news is being spread by France’s enemies, both abroad and at home. We must remain vigilant against manipulation. pic.twitter.com/xyXhGm9Dsr
— Élysée (@Elysee) May 11, 2025
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noel Barrot, acusou a Rússia de estar “desesperada” por impedir a paz na Ucrânia.
“Este incidente lamentável diz muito sobre o atual nível da diplomacia russa, que há muito se transformou numa ferramenta de desinformação”, acusou o Centro de Combate à Desinformação da Ucrânia, citado pela AFP.
Desde a nomeação de Jean-Noël Ladois como novo porta-voz internacional de Macron, o Eliseu adotou uma estratégia mais proativa e assertiva para combater notícias falsas e rumores online. Quanto aos “inimigos” que espalham notícias falsas — e apesar de não apontar o dedo especificamente a ninguém e nenhuma nação — o governo francês já tinha alertado no mês passado que a Rússia está a conduzir uma campanha secreta de ciberataques e desinformação contra França.
Já no mês passado, o Eliseu rejeitou os rumores de que o presidente dos EUA, Donald Trump, excluiu Macron das discussões com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, durante uma reunião no Vaticano.