Machu Picchu “tem sido chamado pelo nome errado há mais de 100 anos”

Um historiador peruano e um arqueólogo norte-americano dizem que a cidade pré-Colombiana se chamava Huayna Picchu, segundo o povo Inca.

O Machu Picchu é um dos sítios arqueológicos mais conhecidos do mundo, uma arquitetura pré-Colombiana que tem sido estudada durante décadas, e uma atração turística que junta centenas de milhares de visitantes todos os anos.

Mas um novo estudo, publicado na Taylor & Francis Online, argumenta que desde a sua redescoberta há mais de um século, o local é conhecido pelo nome errado.

Um historiador peruano e um arqueólogo norte-americano argumentam que o local de património mundial da Unesco era conhecido pelos seus habitantes incas como Huayna Picchu — o nome de um pico com vista para as ruínas — ou simplesmente Picchu, segundo noticia o The Guardian.

No seu estudo, Donato Amado Gonzales do Ministério da Cultura do Peru e Brian S Bauer da Universidade de Illinois afirmam ter procurado o nome em mapas do século XIX, informações em documentos do século XVII e as notas originais de campo do explorador norte-americano Hiram Bingham, e descobriram que nenhuma das fontes se refere ao local como Machu Picchu.

Acredita-se que Machu Picchu foi, em tempos, o retiro de verão do imperador inca Pachacutec. O local foi “descoberto” por Bingham em 1911, embora haja um consenso académico generalizado de que a cidade nunca foi realmente “perdida”.

Mas Gonzales e Bauer dizem que as suas descobertas sugerem que na altura da sua redescoberta, as ruínas eram pouco conhecidas, mesmo entre aqueles que viviam na região peruana de Cusco.

“Começámos com a incerteza do nome das ruínas quando Bingham as visitou pela primeira vez, e depois revimos vários mapas e atlas impressos antes da visita de Bingham às ruínas”, referiu Bauer.

“Há dados significativos que sugerem que a cidade inca se chamava realmente Picchu ou, mais provavelmente, Huayna Picchu“, acrescenta.

Os investigadores descobriram que as ruínas de uma cidade Inca chamada Huayna Picchu são mencionadas num atlas de 1904, publicado sete anos antes da chegada de Bingham ao Peru.

Além disso, os investigadores dizem que Bingham foi informado em 1911 de ruínas chamadas Huayna Picchu, ao longo do rio Urubamba.

O filho de um proprietário de terrenos disse mais tarde a Bingham, em 1912, que as ruínas se chamavam Huayna Picchu, relata o estudo.

As ligações mais definitivas ao nome original da cidade inca são preservadas nos relatos escritos pelos conquistadores espanhóis, pouco depois de terem tomado Cusco no final do século XVI, de acordo com Bauer.

“Terminamos com um impressionante relato do final do século XVI, quando o povo indígena da região estava a considerar regressar para reocupar o local, a que chamaram Huayna Picchu”, acrescenta o arqueólogo.

O pico, agora conhecido como Machu Picchu, continua a fazer parte do sítio arqueológico, e os visitantes podem caminhar até ao cume para obter a vista mais deslumbrante da ruína do topo da montanha.

Embora o estudo seja suscptível a novos debates, poucos historiadores parecem acreditar que uma mudança de nome esteja em cima da mesa.

“Todos os nomes são inventados e mutáveis e isso não faz muita diferença”, notou Natalia Sobrevilla, professora de história latino-americana na Universidade de Kent.

“Exceto que agora Machu Picchu é uma marca estabelecida, muito ligada à identidade peruana, então qual seria o objetivo de a mudar?”, questiona.

“Como disse Shakespeare: ‘Uma rosa com qualquer outro nome teria o mesmo cheiro'”, conclui a historiadora peruana.

Alice Carqueja, ZAP //

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