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Os nossos “primos” macacos têm caudas, mas nós perdemos as nossas. Agora, já sabemos porquê

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Wikimedia

Um macaco Rhesus.

A resposta às questões sobre como e por que é que os humanos e outros primatas perderam as caudas enquanto que a maioria dos macacos ainda as tem pode ser uma única mutação genética.

Os nossos antepassados primatas usavam as suas caudas para manterem o equilíbrio enquanto andavam nos topos nas árvores, mas há cerca de 25 milhões de anos começaram a aparecer símios sem caudas.

Darwin foi o primeiro a notar que os humanos e outros primatas perderam as suas caudas, tendo chocado os seus colegas na era Victoriana com a hipótese de que o cóccix – o osso triangular que os humanos e alguns primatas têm na base da coluna – prova que perdemos as caudas ao longo da evolução.

Mas como e porquê são questões que fizeram e ainda fazem os cientistas coçar as cabeças em dúvida. No entanto, há agora uma resposta a este mistério.

Segundo um novo estudo de uma equipa de cientistas de Nova Iorque, a razão deve-se a uma simples mutação genética. Quando os investigadores fizeram a mesma mudança genética nos ratos, os animais também cresceram sem caudas.

“Esta pergunta “onde está a minha cauda?” tem estado na minha cabeça desde que era criança”, explica o co-autor do estudo Bo Xia, ao New York Times. Xia sentiu-se ainda mais motivado a investigar depois de ter sofrido uma lesão no cóccix de que levou um ano a recuperar, mas que o inspirou a “pensar no osso da cauda“.

Para conseguir responder à questão, a equipa de Xia examinou os estados iniciais do desenvolvimento dos embriões, durante o qual certos genes que determinam a formação do nosso esqueleto se “ligam” e “desligam”.

Os cientistas já tinham identificado 30 genes diferentes que eram fundamentais para o desenvolvimento de caudas noutros animais, por isso os autores do estudo suspeitavam que a resposta estava numa mutação genética.

Desta forma, compararam o ADN de seis espécies de primatas sem cauda ao de nove espécies de macacos com cauda em busca de uma mutação que os primatas e humanos partilhassem, mas que os macacos não tivessem – e chegaram assim ao gene TBXT.

Para verificar se esta mutação era “a tal”, a equipa fez mudanças genéticas em ratos no mesmo gene, o que fez com que as cobaias crescessem sem caudas ou com caudas curtas. Apesar de ainda não estar provado a 100% que esta é a causa, a hipótese é o mais perto a que os cientistas já chegaram a uma resposta definitiva.

Os primatas mais antigos conhecidos datam há 66 milhões de anos e tinham caudas grandes. No entanto, a maior parte dos primatas modernos, como os lémures e quase todos os macacos, ainda têm caudas.

A experiência com os ratos sugere que os nossos antepassados perderam as caudas de repente e não gradualmente, o que se alinha com os fósseis encontrados.

Os autores do estudo pensam que a mutação pode ter aparecido num único símio há cerca de 20 milhões de anos e que tenha sido passada para as crias. Essa mutação pode ter sido um benefício e por isso ter-se espalhado rapidamente.

“Para algo se perder numa grande explosão é muito significativo, porque assim não temos de postular milhões de anos de pequenas mudanças sucessivas que se acumularam gradualmente”, afirma Carol Ward, uma antropóloga na Universidade do Missouri que não participou no estudo à New Scientist.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. A maioria dos grandes primatas não tem cauda. Não foi só o ser humano que a perdeu. Gorila, Chimpanzé, Orangotango, mandril (um mini coto), etc

  2. Os evangélicos não acreditam na teoria evolucionista e defendem a origem biblica de Adão e Eva. A imbecilidade ainda tem a sua festa.

  3. A cauda daria jeito para andar nas árvores. Há medida que a macacada desceu para o solo, a cauda já tinha pouco utilidade. Alguns ainda a têm… como o Eu!

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