Lutas laborais: PCP ajuda, BE “aproveita-se”

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António Cotrim / Lusa

Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP)

Manifestações devem aumentar nos próximos tempos mas tem havido claras dificuldades na mobilização para o movimento sindical.

Pandemia, depois guerra, inflação, problemas económicos, menor poder de compra… Pode estar a aproximar-se uma “convulsão social” em Portugal, neste Verão.

Mariana Lima Cunha, jornalista, comentou na rádio Observador que tem recolhido indícios de um aumento de manifestações ou de greves, devido à situação económica do país (e da Europa, no geral).

“A luta continua” e, por exemplo, no jornal Avante, do Partido Comunista Português (PCP), lê-se que este é o “maior ataque ao poder de compra dos trabalhadores e dos pensionistas desde os tempos da troika”, em Portugal.

As manifestações, apela o jornal, deverão aumentar nas ruas e sobretudo nos locais de trabalho.

O Partido Socialista (PS) admite que há motivos de preocupação mas duvida da capacidade do PCP para liderar e aumentar a revolta.

Durante o período da “geringonça”, marcada por um acordo entre PS, PCP e Bloco de Esquerda (BE), houve menos projecção dos sindicatos e menos manifestações. Mas agora volta-se ao “protesto puro”, sem interlocutores e sem negociações paralelas.

No entanto, PCP e CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses admitem que há grandes dificuldades na mobilização para o movimento sindical; não se consegue entrar nas empresas para falar com trabalhadores e com a direcção das empresas.

Mariana também citou a distinção que é comentada no meio, que separa PCP e BE: o partido dos comunistas “é uma ferramenta” para a luta dos trabalhadores, enquanto o Bloco utiliza a luta dos trabalhadores como ferramenta “para se mostrar ou alinhar em ondas mediáticas”, quando esses movimentos estão a aparecer nas notícias.

Situação dos dois partidos

Nas eleições legislativas de Janeiro deste ano, os dois partidos mencionados tiveram uma quebra considerável: o BE tinha 19 deputados na Assembleia da República e passou a ter 5; o PCP tinha 12 deputados e agora tem 6 (embora o Bloco tenha recolhido mais 5 mil votos do que o PCP).

Mesmo assim, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins continuam – e deverão continuar – na liderança dos seus partidos.

Ambos já lembraram que não são os resultados eleitorais a definir lideranças porque os resultados de eleições reflectem o partido e não uma pessoa.

Jerónimo Sousa chegou a dizer, numa entrevista, que em relação ao seu cargo no partido: “A questão não está colocada, haja saúde para continuar”.

João Frazão, do PCP, escreveu igualmente no Avante que a história do PCP mostra que a ligação às massas, a “energia criadora das “massas”, é a solução para o partido se manter em momentos de dificuldade.

E, continuou, esta é altura de ir buscar novos dirigentes sindicalistas às ruas, às empresas, junto dos trabalhadores (embora haja dificuldades, como já foi referido).

O Bloco de Esquerda tem um peso menor nos sindicatos mas está focado em recuperar a sua importância na oposição ao Governo (sobretudo no panorama económico actual), tentando que o descontentamento da população não seja transmitido através, por exemplo, do Chega.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

16 Comments

    • Quando me falam em partidos perigosos fico logo com uma sensação de fascismo …. O amigo miguel é fascista?

      Não será preferível existirem os “partidos perigosos” para podermos ver o que de mau há na sociedade?

      • Pois eu fico logo muito preocupado quando ouço o termo “fascismo”.
        E não, não será nunca preferível existirem partidos perigosos fora do espectro da democracia como é claramente o caso, pelo menos do PCP.

    • Não posso estar mais de acordo. Junte-se o Chega.
      Mas, verdade verdadinha, junte-se o PSD Cavaquista e o PS Socrático…
      Em doses diferentes, todos fazem mal à democracia.

      • Que estupidez….. O país nunca cresceu tanto como com o Cavaco….deviam-lhe fazer uma vénia em vez de dar medalhas a terroristas

      • O Senhor vai desculpar-me: sabe ler? Entende português? Não me pronunciei a respeito de questões económicas (até partilho da sua opinião – em democracia o país (e a dívida) nunca cresceu tanto como no tempo de Cavaco Silva). Esse é um facto. Mas também o são as inúmeras manifestações de autoritarismo: na Ponte Salazar, contra os estudantes, os secos contra molhados, etc.. Era a estes últimos que me referia; não aos primeiros. Penso ter-me expressado correctamente.

      • Esse Cavaco é aquele cuja campanha presidencial teve as maiores doações financeiras vindas do Salgado, do Oliveira e Costa e do Rendeiro??
        Eu dava-lhe a vénia!…

  1. Será que os sindicatos não conseguem entrar nas empresas para falar com os trabalhadores ou os trabalhadores já nem os querem ouvir? É que enquanto houve a “geringonça” ninguém quis saber dos trabalhadores e pensionistas e estes já andavam a passar mal, apenas não havia a inflação que há agora.

    • Com a geringonça, os trabalhadores foram desprezados por estas seitas do PCP e BE. Agora como foram corridos já vão peneirar-se junto dos trabalhadores. Trafulhas, oportunistas!

  2. Falta pouco para acabar com esses partidos perigosos e ainda apoiam a Guerra da Rússia contra a Ucrânia, estão contra tudo, vão mas é viver para a Rússia, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Sibéria e outros países ditadores que matam e criam a fome. Por isso Putin diz que á comunista é o homem mais poderoso de rico da Russia e do mundo porque é trimilenário, á custa de quem!!!!
    Do seu trabalho? Há, Há, Há…..é sim um assassino, violador, é uma aberração da natureza, é uma verdadeira hiena e a sua equipe de assassinos.

  3. Os comunistas em Portugal a seguirem os Passos dos Partidos políticos Comunistas da Europa, e não é por querer,ou distração, incompetência, é só e apenas por falta de independência, tenho a certeza que se o Putin cair, o PCP e o Bloco de Esquerda, mudam imediatamente.
    Até lá vão continuar a prejudicar os Portugueses, é significativo não se ver uma greve nas empresas Privadas, são todas a prejudicar os Portugueses, á quantos anos não se vê uma greve ou convulsão laboral, na comunicação social, quem se lembra?

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