Lunaristas. O inesperado fenómeno dos bolsonaristas que agora apoiam Lula

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Ricardo Stuckert / Instituto Lula; Marcos Corrêa / PR; Global Panorama / Flickr; Pixabay

Sondagens recentes mostram que 8% dos entrevistados que alegaram terem votado em Bolsonaro aprovam o governo Lula da Silva.

Seis meses após o início do terceiro mandato do presidente brasileiro Lula da Silva, um fenómeno inesperado está a ser observado por institutos de pesquisa de opinião pública.

De acordo com as últimas pesquisas, uma parte dos eleitores que votaram em Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 expressa agora uma opinião positiva do governo Lula, principal adversário político do ex-presidente.

Segundo uma pesquisa realizada pelo IPEC, 37% dos entrevistados classificaram o governo Lula como ótimo ou bom — entre os quais, curiosamente, se encontram 8% de eleitores que afirmaram ter votado em Bolsonaro.

Estes resultados, realça a BBC Brasil, invertem a tendência de forte polarização que se registava na altura das eleições, período em que os apoiantes de qualquer dos candidatos expressava uma forte rejeição pelo seu adversário.

Os “Lunaristas”, como estão a ser designados os eleitores de Bolsonaro que agora apoiam a governação de Lula da Silva, são  maioritariamente mulheres (55%), têm  25 a 34 anos (29%) ou 45 a 59 anos (30%), são de cor preta ou parda (52%), católicos (53%), com formação até ao ensino médio (42%) e vivem no Sudeste (32%) em cidades do interior do país (65%).

De acordo com Márcia Cavallari, presidente do IPEC, a aprovação de Lula entre os eleitores de Bolsonaro observa-se principalmente no grupo menos ideológico, que é mais influenciado por fatores económicos como a redução da inflação e o aumento do poder de compra.

Os resultados deste estudo são apoiados por outra pesquisa, conduzida pela Quaest, que também mostra haver aprovação de Lula em parte do eleitorado de Bolsonaro. Segundo o levantamento da Quaest, 22% dos que afirmam ter votado em Bolsonaro na segunda volta aprovam o governo Lula.

Felipe Nunes, diretor da Quaest, acredita que a percepção de melhoria no cenário político pode ter influenciado parte dos eleitores de Bolsonaro, cujo apoio se baseia no pragmatismo em vez de uma fidelidade ideológica.

Os diretores do IPEC e da Quaest concordam que a aprovação do governo Lula entre os eleitores de Bolsonaro não garante que estes votariam em Lula numa eventual nova disputa eleitoral.

A decisão do voto, explicam, vai para além da percepção da situação económica, incluindo fatores como a personalização da disputa e a empatia com os candidatos, pelo que, embora o fenómeno “lunaristas” seja “interessante”, o seu apoio a Lula é ainda frágil e pode não se refletir nas próximas eleições.

ZAP //

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