O Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, vai ter que fazer uma “geringonça à brasileira” para abrigar no executivo e na base de apoio parlamentar representantes de diversos partidos.
Além do PT, partido que representa, terá que juntar o PSB, o Solidariedade, o PSol, o Rede, o PV, o Pros, o Agir, o PCdoB e o PDT, membros da coligação de campanha. Mas terá ainda o PSD, o MDB e talvez o União Brasil, aliados pós-eleitorais, alguns adeptos do ‘impeachment’ de Dilma Rousseff e membros do partido do Presidente de extrema-direita cessante, Jair Bolsonaro, noticiou o Diário de Notícias.
Mas isso não é novidade no Brasil, onde 23 partidos têm assento no Congresso e em que, desde a redemocratização de 1985, o mais representado deles nunca superou os 25% do total. Esta nova coligação será, contudo, ainda mais heterogénea. Com o Congresso dominado pela direita, no poder legislativo Lula deve tentar juntar até representantes do campo adversário na sua base.
“A Câmara dos Deputados ficou muito mais à direita do que à esquerda, a soma dos deputados à direita, eleitos pelo PP, pelo PL e pelo Republicanos, dá-nos um total de 187 parlamentares, por outro lado, os mais à esquerda, PT, PSol, PV, PCdoB, Rede, PSB, somam 108, e no Senado a situação não é muito diferente”, disse ao jornal o economista Gil Castello Branco.
“Lula parte, por isso, com desvantagem e a tentar buscar apoio nos partidos que ficam a meio caminho e não só”, continuou o fundador da Associação Contas Abertas, uma ONG criada com o objetivo de controlar os orçamentos públicos.
De acordo com o diário, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, já se reuniu com Baleia Rossi, presidente do MDB, o partido de centro-direita de Simone Tebet, mas também de Michel Temer e de boa parte dos principais aliados do sucessor de Dilma na presidência, chamados por Lula de “golpistas”.
Partidos como o União Brasil, de direita, estão disponíveis a embarcar no governo Lula. “Jamais faremos oposição”, disse Luciano Bivar, presidente da formação e ex-líder do PSL, partido de Bolsonaro nas eleições de 2018. E até parte dos 99 novos deputados do PL, atual partido de Bolsonaro, deram a entender apoiar o governo.
Além de partidos, Lula quer atrair o “centrão”, conjunto de deputados de formações diversas que apoia o governo de ocasião em troca de cargos ou verbas. “O “centrão” foi vitorioso nas eleições e, por isso, o eleito tem de conviver com ele, assim como todos os governos no passado”, referiu ainda ao mesmo jornal Castello Branco.
O líder desse “centrão” hoje é Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, pelo PP. Mesmo aliado de Bolsonaro, Lira prometera que a Câmara vai ajudar o novo governo a aprovar um orçamento que contemple o pagamento de Bolsa Família, mesmo furando o teto de gastos previsto em lei; e Lula garantira ao parlamentar que o PT não fará oposição caso ele queira se recandidatar ao cargo.
Na formação do governo, o PT reivindica pastas de peso para militantes do partido, como Fernando Haddad, equacionado na Fazenda (ex-Economia), ou Rui Costa, especulado na Casa Civil. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin trouxe para a equipa economistas liberais, como Persio Arida e André Lara Rezende.
Tebet, continuou o Diário de Notícias, terá a seu cargo uma pasta na área social mas o MDB pode exigir mais em troca de apoio parlamentar. Marina Silva é cogitada no Ambiente, mas o seu partido, o Rede, quer também Randolfe Rodrigues no executivo.
Para acomodar toda a gente na “geringonça tropical”, o governo Lula será ampliado, provavelmente com 33 ministérios, mais 10 do que o de Bolsonaro.
A economista liberal Elena Landau, ouvida pelo jornal Folha de S. Paulo e citada pelo Diário de Notícias. “A geringonça portuguesa permitiu fazer reformas, inclusivamente reformas liberais modernas, é um exemplo a ser seguido”.
Lula para conseguir governar com o Congresso e a Câmara dos Deputados hostis tem que incluir no seu governo políticos das bancadas hostis, mas não exagere!
Como dizia a minha Avó ; ” Meias só para as pernas” !