Uma obra com mais de 600 manuscritos raros medievais, com gravuras do início do século XV, mapas históricos e aves ilustradas foi roubado, supostamente por soldados belgas de uma biblioteca alemã, no final da II Guerra Mundial.
O livro pertencia ao ao célebre ornitólogo e explorador alemão Maximiliano de Wied-Neuwied Mais de sete décadas depois, uma cidadã belga fez a doação desse livro e uma equipa de especialistas reconheceu imediatamente que se tratava do volume perdido.
De acordo com o The Guardian, este é um dos maiores regressos culturais perdidos na guerra. “Precisamos limpar muitas das obras e repará-las e catalogá-las de novo, mas este é um desafio de luxo, porque realmente nunca pensamos ver estes volumes novamente”, disse Michael Herkenhoff, curador de manuscritos e livros antigos da Universidade e da Biblioteca Regional de Bonn. Para o especialista, o reencontro com esta obra foi “uma enorme surpresa”.
A belga Tania Grégoire viu pela primeira vez o livro quando este foi oferecido pelo seu próprio pai, amante de literatura e soldado em Bonn durante a II Guerra Mundial. A obra seria depois doada à casa de leilões inglesa Sotheby’s e pouco tempo se passou até que especialistas em literatura alemães reconhecessem do que se tratava.
O assistente de catalogação no departamento de literatura da Sotheby’s, Lukas Baumann,
recorda que a sua equipa viu “algo de errado” neste livro e foi exatamente isso que chamou a atenção para algo mais.“Havia partes não encadernadas, páginas rasgadas e selos de biblioteca danificados”, no que consideraram ser “uma tentativa passada óbvia de ocultar as suas origens“. Mas nem todas as pistas tinham sido adulteradas. “Descobrimos marcas de prateleiras e assinaturas da biblioteca que tinham sido removidas e foi assim que conseguimos concluir que eles pertenciam à ULB”, conta.
Os livros serão agora devolvidos à ULB, num evento que contará com a presença de historiadores e personalidades da cultura. Entretanto, Tania Gregoire recebeu uma recompensa por ter ajudado a desvendar o paradeiro da obra.
Michael Herkenhoff elogiou a “abordagem moral para o assunto desde o início” por parte da cidadã, “tendo ficado bastante chocada ao descobrir que os livros tinham sido adquiridos”.
Não é comum que materiais desaparecidos retornem a grandes instituições como a biblioteca de Bonn. Muitos objetos foram expropriados nesta época histórica, vindos de famílias judias e outros opositores do regime alemão.
Não deviam devolver nada a Biblioteca de Bonn, e as milhares de obras desaparecidas de seus legítimos propietários, roubadas pelos Alemães !!!???