Há questões que “não devem ser postas em causa”, avisou o presidente chinês: Trump “deve inspirar-se nas experiências dos últimos quatro anos.”
O Presidente chinês Xi Jinping delineou 4 “linhas vermelhas” críticas durante uma reunião com o Presidente norte-americano Joe Biden antes da presidência de Donald Trump, de modo a estabelecer limites claros nas relações entre os Estados Unidos e a China.
Estas linhas, descritas como “barreiras e redes de segurança” fulcrais, têm como objetivo proteger os interesses fundamentais do país asiático à medida que se aproxima a “metamorfose mundial” prevista com a chegada do republicano à Casa Branca.
As linhas a não pisar abrangem, além da democracia e direitos humanos e da nação ao desenvolvimento, o polémico território de Taiwan e o sistema político e económico da China.
São questões que “não devem ser postas em causa”, afirmou Xi Jinping no dia 16, em debate à margem da 31.ª reunião dos líderes económicos da APEC em Lima, capital do Peru. “Estas são as mais importantes barreiras de proteção e redes de segurança para as relações entre a China e os EUA”, afirmou o líder asiático.
“O Presidente Xi sublinhou que vale a pena rever as experiências dos últimos quatro anos e inspirar-se nelas“, avisa o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Taiwan
A linha mais sensível à bota de Trump é o muito disputado Taiwan.
Pequim considera Taiwan como parte do seu território e não excluiu o uso da força para garantir a unificação.
A importância estratégica de Taiwan como centro mundial de produção de semicondutores e um dos principais interesses dos EUA em matéria de segurança torna a questão ainda mais complexa, mas Xi tem reiterado constantemente que o estatuto de Taiwan não é negociável.
Os laços entre os EUA e a China já foram postos em causa pela nova administração Trump, que deu indicadores de uma abordagem transacional à defesa de Taiwan, ao defender que a ilha deveria pagar aos EUA pelo apoio militar.
Comércio
A recente reunião entre Xi e Biden teve como objetivo um tom conciliatório. Ambos os líderes sublinharam a importância de gerir de forma responsável a dinâmica competitiva, prevenir conflitos e manter uma comunicação aberta.
Mas a posição de Trump sobre o comércio, com ameaças de impor direitos aduaneiros de 60% sobre as importações chinesas, fazem escalar cada vez mais as tensões.
Espera-se que a presidência de Trump reavive o foco no acordo comercial que negociou com a China em janeiro de 2020, que exigia que a China comprasse 200 mil milhões de dólares em bens americanos ao longo de dois anos. O acordo, que expirou em 2021, viu a China ficar aquém dos seus compromissos — e analistas acreditam que Trump pode usar este acordo como base para impor novas medidas comerciais.
A abordagem de Trump pode vir a incluir tarifas tangíveis, embora não necessariamente a taxa de 60% que sugeriu anteriormente.