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“Liberdade está no hijab.” Conselho da Europa recua após forte contestação de França

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O Conselho da Europa difundiu uma imagem, no âmbito de uma campanha institucional, que defendia o uso do hijab. Vários políticos franceses condenaram a mensagem, que acabou por ser retirada das redes sociais.

Na semana passada, o Conselho da Europa, em parceira com a União Europeia (UE), difundiu uma imagem pertencente a uma campanha institucional que defendia o uso do lenço islâmico.

“A beleza está na diversidade, como a liberdade está no hijab“, lia-se.

A BBC noticia agora que a imagem foi retirada das redes sociais depois das fortes reações de oposição em França.

Além de reações do Governo francês, a campanha contra a discriminação dos muçulmanos motivou declarações de vários políticos como Marine Le Pen ou Éric Zemmour.

Sarah El Haïry, ministra francesa da juventude, disse ter ficado “chocada” com um cartaz da campanha que mostrava uma mulher dividida: numa metade usava hijab e na outra não.

Numa entrevista televisiva, a governante afirmou que a imagem do cartaz incentivava as mulheres a usarem lenço na cabeça, o que ia contra os valores seculares que vigoram no país europeu.

Marine Le Pen, candidata às próximas eleições presidenciais, considerou que esta campanha é “escandalosa e indecente”, uma vez que “milhões de mulheres lutam com coragem” contra aquilo que diz ser uma forma de “escravidão”.

É quando as mulheres retiram o véu que elas se tornam livres”, escreveu nno Twitter.

Por seu turno, Eric Zemmour, candidato de extrema-direita, escreveu na mesma rede social que o uso do hijab estava a ser “financiado” pelos impostos dos europeus.

“O Islão é o inimigo da liberdade. Esta campanha é inimiga da verdade.”

Em declarações à cadeia britânica, Hande Taner, presidente da Femyso, um fórum de organizações de jovens muçulmanos a nível europeu, defendeu a campanha do Conselho da Europa, referindo que os “esforços da minoria jovem” muçulmana estão a ser “atacados e minados” pelos políticos.

A reação francesa é, segundo a responsável, “outro exemplo” de que “os direitos das muçulmanas são não-existentes” e que não são apoiados por aqueles que “dizem representar ou proteger noções como liberdade, igualdade e fraternidade”.

O Conselho da Europa disse que irá refletir sobre a apresentação desta campanha, que foi decidida após a realização de dois workshops, no mês de setembro, organizados em parceria com a Femyso.

Recorde-se que França proibiu o véu islâmico em locais públicos em 2011, tornando-se o primeiro país europeu a fazê-lo.

Liliana Malainho, ZAP //

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