Empresa de brinquedos duplicou a sua receita na última década com produtos de luxo na ordem dos mil euros que atraem colecionadores mais velhos. “Hoje em dia, não é só para nerds (cromos)”.
É oficial: os Legos já não são só para crianças. Na última década, a Lego duplicou as suas receitas ao desenvolver conjuntos cada vez mais elaborados — e mais caros — direcionados a clientela adulta — e não são os únicos a fazê-lo no mundo dos brinquedos.
Há mesmo quem esteja disposto a gastar centenas num único produto da icónica empresa. O conjunto Millenium Falcon, da Guerra das Estrelas, está à venda por 849€ no website oficial da Lego; uma escavadora Liebherr chega a custar 1200€.
“Hoje em dia, não é só para nerds (cromos)”, defende-se um construtor de Lego para adultos em conversa com o The Wall Street Journal. “Não compramos todos os conjuntos novos que saem. Também temos que comer”, desabafa outro amante do brinquedo.
“Decidimos concentrar-nos nos adultos porque percebemos que tínhamos uma oportunidade muito maior do que aquilo que estávamos a aproveitar”, disse Julia Goldin, líder de produto e marketing da Lego. Foi uma mudança de estratégia que deu frutos: a empresa duplicou a receita na última década para cerca de 9,4 mil milhões de euros em 2023.
A tendência não é nova: os adultos parecem mesmo gostar e estar dispostos a gastar o seu dinheiro em produtos que antes eram exclusivamente associados a crianças.
O filme da Barbie é exemplo flagrante: fez mais de mil milhões de euros nas bilheteiras, o maior sucesso da Warner Bros; a Hasbro, outra gigante dos brinquedos, também pegou nos jogos clássicos de tabuleiro Scrabble e Trivial Pursuit e reformulou-os numa versão adulta.
O segredo pode estar na nostalgia — ou talvez muitos de nós ainda tenhamos uma criança cá dentro.