Laboratório ignora bactérias perigosas na água: “Que morra toda a gente”

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Métodos do Laboratório de Trás-os-Montes terão colocado em risco a saúde pública de várias zonas do país durante anos.

Havia bactérias perigosas na água mas os responsáveis desprezaram esse perigo público.

Ao longo de anos o Laboratório de Trás-os-Montes tentou disfarçar os problemas que via no resultado das águas de consumo.

Este caso está envolvido no já conhecido processo Gota d’Água. Esta operação tem no epicentro um laboratório de recolha e análise de águas destinadas ao consumo humano, e ainda de águas residuais e balneares, de piscinas, ribeiras, furos e poços.

O jornal Correio da Manhã revela novas escutas nesta quinta-feira, que revelam um aparente desinteresse pelos problemas de saúde pública na água.

Entre esses problemas na água estavam, nas piscinas públicas, as pseudomonas – bactérias que provocam infecções externas e que podem mesmo originar risco de morte.

Numa conversa telefónica a directora técnica do laboratório, Toniette da Cruz, diz: “Ó pá, que morra toda a gente”. Ou, mais à frente: “Ó pá, mas alguém morreu? Ninguém morre”.

A directora, sabendo que “só” havia pseudomonas em Vila Nova de Foz Coa (o resto não tinha resultados preocupantes), preferia resolver estas questões nos resultados da água de forma burocrática. E não com acções reais nas piscinas – fechar ou limpar.

Um hotel de luxo na região de Vale de Sousa, também afectado, deveria ter a piscina encerrada. Mas Toniette reagiu: “Esquece o hotel”.

Em relação a amostras de águas residuais que deviam ter sido recolhidas e não foram, a directora tinha outras palavras: “Fervam a p… da água”.

Houve também manobra nas amostras de água enviadas à Águas de Lisboa e Vale do Tejo: o registo da recolha das amostras mostra que um funcionário esteve supostamente em dois sítios bem distantes – com uma diferença de apenas 5 minutos.

A Polícia Judiciária já seguiu estas pistas e verificou que houve relatórios feitos de locais, mas que foram feitos em casa do funcionário: eram água da torneira de casa.

Toniette da Cruz é suspeita de falsificar 396 análises de água. É a principal arguida do processo.

ZAP //

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