Juiz vai reconsiderar pena de 110 anos para camionista que matou quatro pessoas depois de ficar sem travões

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A lei estadual do Colorado obriga a uma sentença mínima, mas o juiz está a tentar reconsiderar a pena de 110 anos aplicada a Rogel Aguilera-Mederos.

Depois do caso ter suscitado uma onda de indignação nos Estados Unidos, um juiz vai reavaliar a sentença de 110 anos de prisão dada a Rogel Aguilera-Mederos, um camionista que matou quatro pessoas num acidente numa estrada perto de Denver, no estado do Colorado, em 2019, depois de ter ficado sem travões.

O juiz Bruce Jones marcou uma audição para 13 de Janeiro para reconsiderar a sentença de Aguilera-Mederos, escreve o NPR, depois de um pedido pouco comum dos procuradores para revisitarem o caso.

Na semana passada, a procuradora Alexis King revelou que ia pedir uma pena de entre 20 e 30 anos para o motorista, afirmando que a conduta deste foi perigosa e que o caso não se trata de um acidente.

No entanto, após a audição de segunda-feira, King revelou que reconsiderou no pedido para dar ao tribunal a possibilidade de impor uma pena que não esteja presa às leis de condenação obrigatória do estado do Colorado e acrescentou que deve ser o juiz a decidir uma nova sentença.

Um dos advogados do camionista, James Colgan, afirmou numa audição virtual onde se discutiu o pedido dos procuradores que a defesa precisava de algum tempo para pesquisar se há casos semelhantes e poder assim sustentar a sua abordagem.

O juiz revelou que quer saber se a lei que lhe permite reconsiderar a condenação lhe dá também a possibilidade de declarar a sentença que quiser. As vítimas também vão ter a oportunidade de ser ouvidas na audição presencial sobre se a sentença para o camionista deve ser alterada, se assim o desejarem.

Cerca de cinco milhões de pessoas assinaram uma petição online onde pedem clemência para o motorista e o caso levou a uma onda de críticas ao sistema judicial norte-americano.

“Este acidente não foi intencional, nem foi um acto criminal por parte do motorista. Rogel já disse várias vezes que gostava de ter tido a coragem de colidir e matar-se naquele dia, este acidente trágico não foi feito com intenção, não foi um acto criminal, foi um acidente”, lê-se na petição.

Aguilera-Mederos também pediu clemência ao governador do Colorado, Jared Polis, o que se junta ao requerimento de que a sentença seja reduzida por parte dos procuradores.

A sentença de 110 anos foi conhecida a 13 de Dezembro, depois do juiz ter descoberto que era o mínimo imposto pela lei estadual, tendo dito na altura que, se a decisão estivesse nas suas mãos, a condenação não seria tão elevada.

Leonard Martinez, outro dos advogados de Aguilera-Medero, afirmou que o pedido dos procuradores não era aceitável e que não é consistente com casos semelhantes no Colorado e nos Estados Unidos, pedindo antes que o Governador Jared Polis dê clemência ao camionista.

“Planeamos avançar e manter todas as opções abertas para conseguirmos justiça para o Rogel, incluindo a possibilidade de clemência do Governador Polis”, revelou Martinez.

A lei do Colorado permite que as sentenças para crimes considerados violentos possam ser mudadas em casos com “circunstâncias pouco usuais ou extenuantes”, mas estas alterações não podem ser aplicadas até 119 dias após a pessoa ser presa. Os procuradores e a defesa acreditam que o juiz pode impor uma nova sentença antes que este prazo se esgote.

Quando a condenação foi proclamada, Aguilera-Mederos afirmou que os travões no camião falharam quanto estava a descer um declive na estrada Interstate 70, tendo colidido com outros veículos que tinham desacelerado por causa de outro acidente mais à frente, causando um choque em cadeia. A acusação argumentou que o motorista devia ter usado uma rampa de travagem.

O homem de 26 anos chorou enquanto pediu desculpa às famílias das vítimas. “Quando olho para as minhas acusações, são de um assassino, que eu não sou. Nunca pensar magoar ninguém na minha vida inteira”, afirmou.

Adriana Peixoto, ZAP //

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