O treinador português de futebol José Mourinho admitiu hoje comandar um clube com ambição de ganhar, mesmo que não seja imediatamente, pondo apenas como condição que o faça feliz.
“Ganhar um quinto campeonato diferente ou ganhar uma Champions por um terceiro clube diferente são coisas que gostaria de fazer, mas não vou muito por aí. Vou mais pelo convencimento do projeto. Quero ir contente. Não quero ir com um pé à frente e um pé atrás. E ir contente não significa que seja para ganhar, que no fundo é a minha essência, mas se for ‘hoje não há condições para ganhar, mas queremos que tu cries as condições para ganhar’, serve-me”, afirmou o técnico, em entrevista ao canal Eleven Sports.
Mourinho assegurou que “não precisava de recuperar de nada”, relativamente à experiência no Manchester United, no qual a sua saída, em dezembro de 2018, não o surpreendeu: “Aquilo que veio a acontecer não foi nada que eu não estivesse à espera”.
O antigo treinador de Benfica, União de Leiria e FC Porto voltou a assumir a vontade de regressar a Portugal, preferencialmente para comandar a seleção.
“Nunca podes dizer ‘desta água não beberei’. Mas vejo mais um projeto de seleção do que de clube. Porque é uma coisa que sempre me faltou. É uma coisa que eu gostava de fazer. Não só Portugal, mas também o trabalho de selecionador. Foi uma coisa que até agora eu nunca quis e um tipo de trabalho pelo qual continuo a não estar apaixonado, neste momento da minha carreira. Mas é um trabalho que um dia vou querer experimentar”, sublinhou.
Na mesma entrevista, Mourinho afirmou que Portugal vai vencer a Liga das Nações, que vai ser disputada em Guimarães e no Porto, na próxima semana. “Quero. Gostava. Há muita gente que diz que não é muito importante. OK, o Euro é muito mais importante, mas se pudermos ganhar porque é que não haveremos de ganhar? Dois jogos em Portugal, com apoio massivo do público. Porque é que não haveremos de ganhar? Ficava só a faltar o campeonato do mundo”, referiu.
Relativamente ao futebol português, Mourinho elogiou os jogadores João Félix e Bruno Fernandes, assim como os treinadores Bruno Lage e Sérgio Conceição.
“Eu acho que [João Félix] é um jogador que tem uma capacidade fantástica. Sob o ponto de vista da organização defensiva é melhor do que aquilo que se possa pensar. Normalmente, quando se diz vagabundo pensa-se que não defende. Defende, e acho que defende bem”, avaliou o técnico, acrescentando que o avançado do Benfica “está no caminho certo para ser um grande jogador”.
Mourinho reconheceu ter ficado surpreendido com a sua capacidade finalizadora do médio do Sporting, que, segundo o treinador natural de Setúbal, “chuta bem, cabeceia bem, faz golos de longe, é frio na cara do guarda-redes, marca penáltis com grande eficácia, marca faltas diretas. É um jogador que tem muitos atributos para poder fazer golo”.
Instado a comentar o sucesso de Bruno Lage, que conquistou o título de campeão após suceder a Rui Vitória no Benfica, Mourinho destacou o percurso do seu conterrâneo: “Ele apareceu quase do nada aos olhos das pessoas, mas foram muitos anos por trás”.
“O Bruno não é treinador por geração espontânea. Apareceu no Benfica naquele momento e mostrou que estava preparado e sustentado numa estrutura muito forte e, talvez por conhecer melhor do que ninguém aqueles jovens jogadores, isso tenha acelerado o processo de crescimento deles. Perfeito para o Bruno e fico supercontente que as coisas lhes estejam a acontecer. Gosto muito do pai dele e vejo nele, enquanto pessoa, muita coisa do pai”, assinalou.
Segundo Mourinho, a época do FC Porto seria positiva “num clube diferente”, defendendo a permanência de Sérgio Conceição nos ‘dragões’.
“Não penso que vá haver uma mudança de treinador, nem penso que se justifique, nem penso que o FC Porto possa encontrar um treinador melhor do que aquilo que é o Sérgio Conceição. Mas haverá seguramente uma reação. Vão sair jogadores, alguns obviamente difíceis de substituir, mas tenho a certeza absoluta de que vai haver uma reação e que na próxima época vão tentar outra vez”, rematou.
// Lusa