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Novo jogo de vídeo estimula memória (de curto prazo) de idosos

Dois grupos de maiores de 60 anos. Um jogou Rhythmicity, outro jogou sopa de letras. E as diferenças foram evidentes.

Jogos de vídeo, jogos de consola. Uma rotina para milhões de pessoas, um vício – ou doença – para milhões de jovens.

Não é normal vermos uma pessoa mais velha jogar. Mas até pode ser benéfico para a sua memória a curto prazo.

Envelhecer costuma ser sinónimo de declínio no controlo cognitivo, declínio na memória a curto prazo. Mas a tecnologia pode ajudar.

Rhythmicity é um jogo novo, que contou com a colaboração de Mickey Hart, que foi baterista (e fundador) do grupo Grateful Dead. Um jogo baseado em ritmos musicais.

O Rhythmicity oferece pistas visuais, treinando os jogadores a tocar um determinado ritmo num tablet, telemóvel ou computador. Conforme o jogador vai evoluindo no jogo, também o ritmo, a complexidade e a precisão necessárias vão sendo ajustadas.

Os autores do jogo analisaram os resultados. O estudo, que foi publicado na semana passada na revista científica PNAS, contou com a colaboração de dois grupos, nos quais todas pessoas tinham entre 60 e 79 anos.

Um grupo jogou Rhythmicity durante oito semanas. Cinco dias por semana, 20 minutos por dia.

O outro grupo jogou sopa de letras, com a mesma frequência.

E a diferença foi evidente: quem jogou Rhythmicity, devido à percepção visual e atenção selectiva do próprio jogo, ficou com uma memória de curto prazo melhorada – o que foi comprovado depois, num exercício de reconhecimento facial.

Nesse exercício, foram apresentados rostos desconhecidos. Os participantes do grupo do Rhythmicity acertaram mais vezes na associação dos rostos.

Além disso, os exames de eletroencefalografia, que registam a actividade do cérebro, demonstraram que a actividade no lobo parietal superior tinha aumentado (lobo parietal superior é a região do cérebro ligada à leitura de música e memória visual de curto prazo).

Este estudo “forneceu evidências importantes de que o treino de ritmo musical pode beneficiar o desempenho numa tarefa não musical”, defendem os autores do estudo.

O portal Science Alert explica que o Rhythmicity vai mudando o nível de dificuldade durante a experiência – para incentivar o jogador a melhorar, mas sem se tornar demasiado difícil, sem estragar o momento.

“A memória melhorou em tudo, foi incrível“, sublinhou Theodore Zanto, neurocientista na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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