Conhecido como o “jihadista de Aveiro”, o marroquino Abdessalam Tazi está detido em Monsanto, sob suspeita de recrutamento de jovens para o Daesh. Numa carta enviada ao Expresso, este ex-polícia assegura que foi alvo de “uma cilada” de três conterrâneos que o denunciaram.
Abdessalam Tazi, de 63 anos, está em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto, desde Março deste ano. E foi de lá que escreveu uma carta ao Expresso a negar a versão oficial das autoridades, que levou à sua detenção, sob suspeitas de recrutamento de jovens para as fileiras do grupo terrorista Estado Islâmico.
Este ex-polícia marroquino alega, conforme relata o Expresso, que foi alvo de “uma cilada” de três marroquinos, com quem divida apartamento em Aveiro, que o denunciaram às autoridades. “Queriam que guardasse droga em minha casa em Aveiro”, refere Tazi na carta.
“Não sei como se chama isto em português: ajuste de contas, chantagem, vingança ou represálias. Estou aqui só por culpa de três mentirosos marroquinos“, escreve, ainda, o homem de 63 anos, alegando que só está preso por não ter aceite guardar a droga no apartamento.
O Expresso apurou junto de “fontes próximas da investigação” que Tazi foi, de facto, denunciado por três cidadãos marroquinos, um dos quais será o irmão mais velho do jihadista Hicham El Hanafi, que foi detido em França, em Novembro de 2016, por estar envolvido nos planos para um ataque terrorista em Marselha. Hanafi também morou com Tazi em Aveiro.
As autoridades não dão relevância às alegações de Tazi e a sua advogada oficiosa, Alzira Coutinho, lamenta no Expresso, que a investigação está assente apenas nos depoimentos dos três cidadãos marroquinos que denunciaram o seu cliente, e em “papéis escritos em árabe” que diz que “podem nem pertencer” ao seu cliente.
Ex-polícia terá radicalizado vários jovens em Aveiro
O Expresso nota que Tazi chegou a Portugal em Outubro de 2013, viajando no mesmo voo de Hicham El Hanafi. Ambos apresentaram passaportes falsos e solicitaram asilo, alegando perseguições por se oporem ao regime marroquino.
Tazi alega que não conhecia Hanafi antes de ambos terem ficado alojados no centro de acolhimento para refugiados, em Lisboa. Diz que ficaram amigos neste espaço, onde as autoridades acreditam que começou o trabalho do ex-polícia no recrutamento de jovens para o Daesh. Terá continuado essa actividade em Aveiro, mantendo contactos com outras células do grupo terrorista em vários países europeus.
As autoridades têm nota de “vários jovens, todos de nacionalidade marroquina” que terão sido “radicalizados pelo ex-polícia e que já não se encontram em Portugal”, refere o Expresso. Os que ficaram em Aveiro são “os espertos, os que rejeitaram a lavagem” cerebral, garantem fontes da investigação ao semanário.
Não há qualquer desculpa aceitável, com a informação diariamente difundida, para aderir ao jihadismo e vir com a treta de ter sido enganado.
Prisão com eles, e por uma dezena de anos, para ficarem espertos.
Era ainda útil saber que crimes cometeu nas fileiras do Daesh…