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Já se pode andar sobre a água (e não é milagre)

Em 200 mil anos de homo sapiens, parece só haver registo de um homem que tenha conseguido andar sobre a água. Mas 2.000 anos depois, é finalmente possível a qualquer humano andar sobre um líquido – não graças a um milagre, mas a uma descoberta da ciência.

O líquido em causa, sobre o qual é possível passear ou correr, mas não ficar parado, é um “fluido não-newtoniano“, ou seja, um líquido em que a tensão tangencial é proporcional à velocidade na direcção da tangente. Nos fluidos newtonianos, como a água e o ar, a tensão é proporcional à taxa de deformação e não à velocidade.

Muito confuso? Simplificando, podemos dizer que um fluido não-newtoniano se comporta ao contrário de areia movediça: se ficarmos quietos afundamo-nos, mas se nos mexermos e provocarmos vibrações, o fluido reage “endurecendo”.

Ou seja, se manuseado com suavidade, comporta-se como líquido, mas se atingido violentamente comporta-se como um sólido.

A We Are KIX, uma criativa agência de publicidade e eventos de Kuala Lumpur, na Malásia, promoveu uma acção de marketing para mostrar ao mundo que o seu cliente, o Hong Leong Bank, é “um banco como não há igual”.

Para a acção, chamada “Can You Walk on Water?”, a We Are KIX montou num shopping uma piscina com 8.000 litros de Oobleck, um fluido não-newtoniano, e convidou a talentosa modelo malaia Cay Kuijpers a atravessar a piscina a correr.

E para provar aos abismados assistentes que não havia truque, foram todos convidados a fazer o que lhes apetecesse na piscina: andar, correr, saltar, jogar futebol, dançar. Desde que envolva movimento, pode-se fazer de tudo em cima de um fluido não-newtoniano, excepto… andar de bicicleta.

Cay Kuijpers, uma das mais populares modelos e apresentadoras de TV da Malásia, conta no Facebook que “esta foi de longe a mais divertida e louca iniciativa em que já participei“. Como seria de esperar, a acção transformou-se muito rapidamente numa festa popular.

Faça você mesmo!

Um exemplo barato e não tóxico de um fluido não-newtoniano pode ser feito facilmente adicionando-se amido de milho a uma chávena de água. Amido de milho é o nome que se dá à farinha feita do milho, ou “farinha Maizena”, usada na culinária como substituto da farinha de trigo ou para o preparo de cremes, como espessante.

A receita é simples: adicione o amido em porções pequenas e misture devagar. Quando a suspensão estiver próxima da concentração crítica (com a consistência de leite-creme) a propriedade “dilatante” do fluido não-newtoniano torna-se observável.

Para os mais habituados às lides da cozinha, a propriedade pseudo-plástica de um fluido não-newtoniano torna-se aparente na agitação de molho de tomate, quando temos uma grande diminuição da viscosidade do molho.

E então, que tal fazer um fluido não-newtoniano em casa e experimentar por si as suas propriedades “mágicas”?

Armando Batista, ZAP //

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