Israel matou 20 jornalistas e médicos com tática de ataque duplo. É crime

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HAITHAM IMAD/EPA

Pessoas rezam em frente aos corpos de palestinianos mortos no ataque aéreo israelita no Hospital Nasser, em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza.

Israel terá esperado que ajuda e imprensa chegassem antes de “rebombardear” hospital. Médicos e jornalistas entre as 20 vítimas mortais, Netanyahu lamenta “acidente”. Israel já matou 246 jornalistas em menos de dois anos na Faixa de Gaza, a casa de uma das guerras mais mortais da história para a imprensa.

Israel coordenou e efetuou um duplo ataque esta segunda-feira contra o hospital Nasser, em Gaza, que resultou na morte de 20 pessoas e feriu mais de 50, naquilo que está a ser caracterizado como um possível crime de guerra com intenção de atingir civis.

As forças israelitas bombardearam o hospital; 10 minutos depois, quando jornalistas e socorristas chegaram ao local para ajudar as vítimas e documentar o que aconteceu, foram surpreendidos com uma segunda explosão — um golpe duplo de Israel. A BBC Verify e outros órgãos de comunicação tiveram acesso a imagens que confirmam esta narrativa, tal como vídeos independentes capturados no local.

Entre as vítimas mortais encontram-se cinco jornalistas, entre os quais profissionais da Associated Press, Reuters, NBC e Al Jazeera.

De fora do hospital, mas em Khan Younis, o correspondente do jornal palestiniano Al-Hayat Al-Jadida, Hassan Douhan, chorou a morte dos colegas de profissão, “mártires da verdade, transmissores da verdade em palavras, sons e imagens”.

“Mártires do jornalismo. Para a eternidade, estrelas da pátria e colegas de profissão”, escreveu ainda o jornalista nas redes sociais. Mais tarde no mesmo dia, Israel matou-o a tiro, o que elevou para 246 o total de jornalistas mortos em Gaza desde o início da guerra no enclave, em outubro de 2023.

O bombardeamento ao hospital foi descrito como um “ataque de duplo impacto”, estratégia em que, ao primeiro ataque, segue-se uma segunda ofensiva, quando socorristas e civis se aproximam para prestar ajuda devido ao primeiro impacto. A confirmar-se que Israel pôs isto em prática, estamos perante uma grave violação do direito internacional, uma vez que desta forma Israel terá visado propositadamente civis, jornalistas e equipas de resgate, grupos expressamente protegidos pelas Convenções de Genebra.

Israel lamenta “acidente” — mas não é a primeira vez

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse lamentar o “trágico acidente” e o exército de Israel anunciou uma “investigação transparente”. No entanto, garante: “não atacámos civis”.

Apesar de as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem vindo a alegar que não visam repórteres, declarações oficiais contradizem esta posição. Após a morte de Anas al-Sharif, conhecido jornalista da Al Jazeera, e de quatro colegas em ataques anteriores junto a outro hospital, Telavive justificou a operação alegando, sem quaisquer provas, que o repórter estaria ligado ao Hamas.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) classifica estes casos como assassinatos. No caso de al-Sharif, já tinha inclusive alertado para ameaças diretas feitas por porta-vozes militares israelitas ao jornalista.

Além dos jornalistas, hospitais e equipas médicas são alvos frequentes das forças israelitas, denunciam organizações como a +972 Magazine, que também documentou a prática israelita sistemática de atacar novamente áreas já bombardeadas para atingir paramédicos e socorristas.

A ONU e vários países, incluindo França, Alemanha, Portugal e Reino Unido, condenaram os ataques ao hospital Nasser. Esta terça-feira, o governo chinês disse estar em choque.

“O ataque israelita ao Hospital Nasser em Gaza é inqualificável“, comunicou o governo português. “Os jornalistas, os civis e os profissionais de saúde devem ser protegidos incondicionalmente”, destacou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em publicação no X.

Tomás Guimarães, ZAP //

10 Comments

  1. Nem uma palavra como esses “jornalistas” tinham cartão de identificação com numero militar do hamax e estavam na folha salarial do Hamax…. No outro dia vi um directo de uns jornalistas da BBC no sul do Líbano e os lutadores da liberdade do hezbollah nem pensaram duas vezes em atirar nos jornalistas da BBC ou quantas vezes vi jornalistas na Ucrânia a fugirem pela vida debaixo de fogo dos russos. Espera como dizia o Artur Albarran a fazer directos no palco de guerra enquanto voava anti aéreas e misseis sobre a cabeça dele “O drama, a tragédia, o horror….” não querem morrer não vão para junto de terroristas quando voa misseis e bombas a toda a hora.

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    • Ora aqui anda o Miguelito PedoGeno Horta logo pela manhã sem ver as couves … Já arranjavas um trabalho sem ser a promover o sionismo não?

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    • Nem mais! Na Ucrânia vejo todos os dias e há mais de 3 anos, a Rússia matar civis e já normalizou, ninguém diz nada. É por ser o genocida do Putin e por ser na Europa?

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      • Percebi bem, está a comparar a destruição de Gaza com o que se está a passar na Ucrânia. Isso faz sentido na cabeça de quem? Quanto Miguel Horta, deve ser alguém muito bem informado, mas convinha aprender a escrever melhor não é hamax mas sim hamas. Enquanto existirem Miguel Hortas neste mundo, estes genocídios vão continuar a ser defendidos e legitimados, já agora não existe fome em Gaza, a ajuda alimentar não precisa de entrar porque as pessoas continuam bem alimentadas.

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  2. Perdeu-se o respeito ela vida humana, de ambas as partes e por todo o mundo. Nem hitler foi tão demoníaco… nataniau se nao fosse as costas largas dos EUA já o tinham ido buscar e julgar no tribunal arbitral e seria condenado à morte , tal como o putim, mas ambos têm poderio nuclear e fazem o que querem… pobres povos… 1.200 mortos feitos pelo hamas, 60.000 feitos pelos isrselitas, não chega já? Queres sentir o que se passa na Ucrânia? Imagina:
    Espanha invade o algarve e vem por aí, acima ate Lisboa, depois diz que so acaba a guerra se lhe dermos o algarve (todo)…gostavas?
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  3. Os gazuanos é que fizeram o genocídio em 7 de outubro.
    Assassinaram jovens num festival de música, massacraram civis indefesos nas suas casas e raptaram crianças de colo para as assassinar no cativeiro.
    Tudo o que lhes está a acontecer é muito bem feito e JUSTO!
    Deveriam era bombardear exaustivamente aquela faixa toda até não restar nada a não ser cinza…

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