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Investigação revela o “império russo” de Isabel dos Santos. “Completamente falso”, diz ela

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Manuel Araújo / Lusa

Isabel dos Santos

“O império russo de Isabel Dosovna Kukaeva” é o título de um trabalho de investigação do Jornal Económico que fala dos negócios de Isabel dos Santos na Rússia, o país onde nasceu e cuja nacionalidade assumiu recentemente. A empresária angolana diz que o artigo “é completamente falso”, rejeitando quaisquer ligações com o “braço direito” de Vladimir Putin, Igor Sechin, e com a petrolífera Rosneft.

Recentemente, foi notícia que Isabel dos Santos estaria a viver no Dubai e que teria assumido a nacionalidade russa (a mãe dela é natural da Rússia). O Jornal Económico resolveu explorar a sua faceta russa e publicou, nesta sexta-feira, uma investigação onde refere que “Isabel dos Santos passou a ser Isabel Dosovna Kukaeva”, uma “cidadã russa” que “detém uma rede de sociedades ‘offshore’” e que é “uma ‘trader’ de petróleo e lidera a venda de bilhetes na Rússia”.

O artigo do jornal aponta que o processo de obtenção do passaporte russo foi “directamente acompanhado pelo presidente Vladimir Putin“.

De acordo com a notícia, Isabel dos Santos mantém um “relacionamento profissional” com a petrolífera russa Rosneft, detida maioritariamente pelo Estado russo, e com o seu CEO, Igor Sechin, um antigo agente do KGB que é considerado um dos “braços direitos” de Putin.

Sechin é um dos homens mais poderosos da Rússia, não apenas pela sua proximidade com Putin, mas porque “como CEO da Rosneft, controla um império de energia que bombeia mais petróleo por dia do que todo o Iraque – e que, por isso, é guardião do activo corporativo mais valioso do Kremlin”, como salientava o Finantial Times num artigo de Março de 2018.

O Económico assegura que Isabel dos Santos esteve ligada a projectos da Rosneft em Moçambique, no Iraque e na Turquia, além de ter feito investimentos na Rússia em 2018. A petrolífera russa também tem revelado interesse em investir no petróleo de Angola.

A empresária assegura, contudo, que nunca trabalhou com a Rosneft e que não conhece Sechin, conforme uma publicação no Twitter. “O artigo do Jornal Económico é completamente fabricado e falso“, sublinha. “Não estou ligada a nenhuma dessas empresas/negócios, não conheço nenhuma das pessoas mencionadas no artigo”, escreve ainda, concluindo que o texto é “uma mentira do jornalista”.

O jornal já veio esclarecer que a investigação foi feita ao longo de “um mês e meio” e que o jornalista confirmou “as informações junto de várias fontes independentes” e que fez “um esforço significativo para fazer o contraditório e procurar ouvir todas as partes atendíveis nesta história”.

“Durante este período, a Eng. Isabel dos Santos foi por várias vezes questionada directamente sobre a informação que consta do artigo, tendo optado por não responder ou por sugerir entrevistas presenciais que, por motivos a que somos alheios, nunca se concretizaram”, aponta o Económico num esclarecimento da direcção, onde manifesta que “continua interessado e disponível para ouvir a sua versão sobre os factos descritos”.

Isabel dos Santos está a ser investigada pela justiça angolana que decretou o arresto preventivo de contas bancárias da empresária e do marido, Sindika Dokolo.

A empresária tem-se defendido com acusações ao Presidente angolano, João Lourenço, de estar a usar a família de José Eduardo dos Santos, o seu antecessor no cargo, como bode expiatório e de estar a fazer “uma campanha selectiva para a sua luta contra a corrupção”, conforme declarações numa entrevista à agência VOA.

SV, ZAP //

3 Comments

  1. «…O Jornal Económico resolveu explorar a sua faceta russa e publicou, nesta sexta-feira, uma investigação onde refere que “Isabel dos Santos passou a ser Isabel Dosovna Kukaeva”…»

    Claro que sim, Russos, Russos em toda a parte, lol.

    Agora com seriedade, vai ser bonito quando o jornal económico for chamado a justificar o que escreveu na sua peça jornalística.

  2. Qualquer pessoa atenta já tinha notado na Isabelinha um padrão à lá Putin – dois milionários que nem sabem o que tem e que usam vários nomes/sociedades/testas de ferro, etc, para disfarçar a sua enorme fortuna – e tanto no caso de um como de outro, roubada aos seus países (onde a maioria da população vive como se sabe!)…

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