O Irão vai realizar uma segunda volta das eleições presidenciais para substituir o presidente da linha dura Ebrahim Raisi, que morreu, num desastre de aviação.
Depois de numa votação inicial os principais candidatos não terem conseguido uma vitória absoluta, o Irão vai à segunda volta das presidenciais.
O candidato reformista Masoud Pezeshkian será confrontado com o antigo negociador nuclear Saeed Jalili, da linha dura.
Mohsen Eslami, porta-voz das eleições, anunciou os resultados numa conferência de imprensa transmitida pela televisão estatal iraniana.
Segundo Eslami, dos 24,5 milhões de votos expressos, Pezeshkian obteve 10,4 milhões, enquanto Jalili recebeu 9,4 milhões. O presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Qalibaf, obteve 3,3 milhões de votos. O clérigo xiita Mostafa Pourmohammadi obteve mais de 206.000 votos.
A lei iraniana exige que o vencedor obtenha mais de 50% dos votos expressos. Caso contrário, os dois candidatos mais votados passam a uma segunda volta uma semana mais tarde.
Segunda volta, pela segunda vez
Na história do Irão, só houve uma segunda volta das eleições presidenciais: em 2005, quando o candidato da linha dura Mahmoud Ahmadinejad venceu o antigo Presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.
Eslami reconheceu que o Conselho de Guardiães do país teria de dar a sua aprovação formal, mas o resultado não suscitou qualquer contestação imediata por parte dos candidatos na corrida.
Mulheres impedidas de concorrer
Tal como tem acontecido desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres e os que apelam a mudanças radicais foram impedidos de concorrer, enquanto a votação em si não terá qualquer controlo por parte de observadores reconhecidos internacionalmente.
A deputada Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz, já tinha apelado ao boicote.
Mir Hossein Mousavi, um dos líderes dos protestos do Movimento Verde de 2009, que permanece em prisão domiciliária, também se recusou a votar, juntamente com a sua mulher, segundo a sua filha.
Quem substituirá Raisi?
Raisi, de 63 anos, morreu no acidente de helicóptero de 19 de maio, que também matou o Ministro dos Negócios Estrangeiros do país e outras pessoas.
O ex-presidente era visto como um protegido do líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, e um potencial sucessor.
No entanto, muitos o conheciam pelo envolvimento nas execuções em massa que o Irão levou a cabo em 1988 e pelo seu papel nas sangrentas repressões da dissidência que se seguiram aos protestos contra a morte de Mahsa Amini, uma jovem detida pela polícia por alegadamente usar indevidamente o véu obrigatório, ou hijab.
A votação decorreu num momento em acresce a tensão no Médio Oriente devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Em abril, o Irão lançou o seu primeiro ataque direto a Israel por causa da guerra em Gaza, enquanto os grupos de milícias que Teerão arma na região – como o Hezbollah libanês e os rebeldes Houthi do Iémen – estão envolvidos nos combates e intensificaram os seus ataques.
ZAP // Lusa
Ambos candidatos escolhidos por o supremo líder e apenas ele no fim vai escolher um dos dois. O Ocidente tem que parar de pensar que existe democracia num país onde a Lei Sharia é lei. Os muçulmanos repudiam democracia e apenas conta o que o Líder religioso ordena.