Descendentes de cerca de 200 prisioneiros portugueses da primeira Guerra Mundial (1914-1918) já podem saber onde se encontram sepultados estes expedicionários, através de um trabalho de investigação publicado em livro.
A investigadora Maria José Oliveira reuniu dados de vários arquivos e conseguiu elaborar uma lista inédita de 259 prisioneiros onde é revelado além do nome, data de nascimento e morte, a causa do falecimento e, em 178 casos, o local da sepultura.
O trabalho foi publicado este mês na obra “Prisioneiros Portugueses da Primeira Guerra Mundial, Frente Europeia – 1917/1918”, da editora Saída de Emergência.
Segundo a autora, estes prisioneiros, com menos de 30 anos, morreram em campos de internamento e de trabalhos forçados na Alemanha, França, Bélgica e Polónia, tendo a grande maioria sido trasladada para o cemitério militar português da localidade francesa de Richebourg L’Avoué, onde se encontram sepultados 1.831 soldados.
Além deste cemitério, existem ainda portugueses sepultados noutros locais de França como Loisne, Fresnes, Pont du Hem ou os cemitérios militares de Vieille Chapelle e Sainghin-en-Mélantois.
Também foi encontrado um português em Gadenstedt e outro em Fort Blucher, na Alemanha, e um outro em Ninove, na Bélgica. Alguns ficaram sepultados nos próprios campos onde foram feitos prisioneiros.
Através da lista de nomes publicada no livro, o jornal Notícias de Vouzela publicou a 16 de março que encontrou um “filho da terra” que tinha sido prisioneiro na primeira Guerra Mundial.
A informação de que o soldado de infantaria Adelino Tavares Ribeiro da Costa, nascido em 25 de julho de 1892, em Arcozelo das Maias, concelho de Oliveira de Frades, morreu no dia 20 de maio de 1918 no lazareto de Séchin, França, e que está sepultado em Richebourg, permitiu, segundo o jornal, “saber o seu paradeiro final”.
O soldado morreu por ferimentos num braço, adianta a autora.
Além de identificar o expedicionário e nos casos possíveis o local da sepultura, a autora revela ainda as causas das mortes, muitas delas de tuberculose pulmonar, de gripe pneumónica ou ferimentos.
Entre 1917 e 1919, mais de sete mil militares do Corpo Expedicionário Português estiveram presos em 81 campos de internamento e de trabalhos forçados na Alemanha, França, Bélgica e Polónia.
// Lusa