Dezenas de instituições de caridade pediram ao Governo britânico que faça mudanças para apoiar jovens requerentes de asilo e refugiados, após cerca de uma dúzia ter cometido suicídio.
Como avançou esta segunda-feira o Guardian, 46 instituições de caridade que lidam com questões relacionadas a pedidos de asilo, crianças e saúde mental escreveram para a ministra da saúde, Nadine Dorries, responsável pela prevenção do suicídio, destacando o número de casos entre adolescentes requerentes de asilo.
A carta, que inclui as instituições Refugee Council, Children’s Society e Mind, apela a um inquérito urgente e independente sobre essas mortes.
O Guardian já havia relatado o caso de um grupo de quatro jovens da Eritreia, que se matou depois de chegar ao Reino Unido. Uma pesquisa do Projeto Da’aro Youth, criado em resposta às suas mortes, descobriu vários outros suicídios por parte de adolescentes desacompanhados, muitos em 2020.
Alguns aguardavam a decisão sobre os pedidos de asilo e temiam que fossem recusados e devolvidos para as zonas de conflito; outros tiveram as suas idades contestadas e foram acusados de serem adultos; alguns sofriam de transtorno de stress pós-traumático ou tinham problemas com drogas e álcool e dificuldade de acesso a cuidados de saúde mental.
Para Benny Hunter, coordenador do Projeto Da’aro Youth, os casos descobertos podem ser a ponta do iceberg. Fatores comuns nos casos de suicídio incluem viagens traumáticas ao Reino Unido, atendimento inadequado por parte das autoridades locais, stress de lidar com o sistema de asilo e o impacto da separação de famílias.
“A estratégia nacional do governo para a prevenção do suicídio deixa claro que crianças e jovens em busca de asilo precisam de abordagens personalizadas para atender às suas necessidades de saúde mental e todas as autoridades locais têm um plano de prevenção de suicídio em vigor”, disse um porta-voz do governo.
“Forneceremos mais financiamento este ano para apoiar as autoridades locais a fortalecer ainda mais os seus planos”, acrescentou.