Acredita-se que os Neandertais tenham andado pela Terra durante cerca de 360 mil anos, período durante o qual o planeta experienciou vários ciclos glaciais. Agora, um novo estudo revela que não morreram sem dar luta.
De acordo com o site IFLScience, o novo estudo apresenta uma análise detalhada das ferramentas Neandertais recuperadas de Sesselfelsgrotte, caverna na Alemanha considerada um dos mais importantes sítios Neandertais na Europa central.
Utilizando técnicas de digitalização 3D, os investigadores foram capazes de observar estes utensílios com detalhes sem precedentes, observando que tinham vários formatos e tamanhos.
Esta variação no design das ferramentas oferece novas luzes sobre a complexidade das estratégias de sobrevivência dos Neandertais já que, geralmente, se acredita que estes hominíneos dependiam sobretudo de facas de pedra de uma lâmina conhecidas como Keilmesser.
No entanto, muitas das ferramentas encontradas em Sesselfelsgrotte continham várias lâminas, com várias bordas a ser afiadas para maximizar a superfície de corte.
Ao interpretar esta descoberta, os autores do estudo, publicado, a 19 de agosto, na revista científica PLOS One, sugerem que essas facas mais complexas tornaram-se comuns numa altura em que as temperaturas globais caíam de forma significativa há cerca de 60 mil anos.
À medida que o gelo se espalhava pela terra, os Neandertais descobriram que tinham menos acesso a recursos vitais e, portanto, foram forçados a adotar um estilo de vida mais nómada. Isso exigiu o desenvolvimento de ferramentas mais duradouras que pudessem ser utilizadas durante viagens longas, sem terem de ser substituídas tão regularmente como as antigas facas.
Em comunicado, o autor do estudo, Thorsten Uthmeier, investigador do Instituto de Pré-história e História Antiga da Universidade de Erlangen-Nuremberga (FAU), disse que o desenvolvimento de facas de formato bifacial durante este período “não é apenas uma prova direta das habilidades de planeamento avançado dos nossos parentes extintos, mas também uma reação estratégica às restrições impostas por condições naturais adversas.”
“Ao contrário do que algumas pessoas afirmam, o desaparecimento dos Neandertais não pode ter sido resultado de uma falta de inovação ou pensamento metódico”, concluiu.