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Ingleses vão ter pílulas anti-alcoolismo

Jonathan Silverberg / Flickr

O serviço público de saúde do Reino Unido, NHS, quer distribuir pílulas para diminuir o consumo de bebidas alcoólicas.

O medicamento, chamado nalmefene, custa cerca de 3.8 euros por comprimido e já está a ser receitado na Escócia.

Segundo o Instituto Nacional para Excelência em Cuidados de Saúde, NICE, o nalmefene, também conheido como Selincro, deverá ser disponibilizado às pessoas que bebam regularmente grandes quantidades de bebidas alcoólicas.

A Organização Mundial de Saúde define o alto consumo de bebidas alcoólicas como o consumo de mais de 7,5 unidades diárias para homens (o equivalente a 1,7 litro de cerveja com grau 5%) e mais de 5 unidades diárias (cerca de 1,14 litro de cerveja com o mesmo teor) para mulheres.

Em novembro, o NICE deverá publicar as últimas orientações sobre a distribuição do medicamento. De acordo com o instituto, 600 mil pessoas no Reino Unido poderão receber o nalmefene.

Os pacientes devem tomar um comprimido, uma vez por dia. O medicamento irá reduzir a vontade de consumir bebidas alcoólicas.

Carole Longson, diretora do Centro de Avaliação de Tecnologia de Saúde do NICE, explicou à BBC que as pessoas que recebam o nalmefene terão dado antes o primeiro passo no tratamento.

nice.org.uk

Professora Carole Longson, directora de avaliação do NICE

Professora Carole Longson, directora de avaliação do NICE

“Aqueles que podem receber o nalmefene já terão dado os primeiros grandes passos, ao visitar o médico, envolver-se com os serviços de apoio e participar em programas de terapia”, disse.

“Usámos o nalmefene juntamente com apoio psicológico e foi eficaz para o NHS, clínica e economicamente, comparado com o recurso apenas ao apoio psicológico”, acrescentou.

Cura milagrosa?

“É importante que as pessoas não vejam isto como uma cura milagrosa para a dependência do álcool”, disse Andrew Langford, diretor-executivo da organização britânica British Liver Trust, especializada em pesquisa e tratamento de doenças do fígado.

“Este tratamento é apenas outra peça do arsenal, principalmente para os clínicos gerais que trabalham com dependentes. Mas, o mais importante, é que só será eficaz se as pessoas tiverem a quantidade certa de aconselhamento e apoio psicológico”, acrescenta Langford.

Para Niamh Fitzgerald, perito em estudos do álcool na Universidade de Stirling, há motivos para preocupação com o que a introdução do nalmefene vai significar na prática.

“O facto de os problemas com bebidas alcoólicas estarem espalhados pela sociedade deveria ser suficiente para que se tomassem opções eficazes de políticas de combate ao problema, como estabelecer um preço mínimo para a bebida ou restrições à propaganda do álcool”, disse Fitzgerald.

Matt Field, professor especializado em questões ligadas ao vício na Universidade de Liverpool, afirma que a eficácia do nalmefene é polémica.

“Todos os dados de testes clínicos são de pessoas que estavam motivadas a reduzir o consumo de bebidas”, realça Field, “e simplesmente não foi testado em pessoas que não estão interessadas em reduzir o consumo de bebida alcoólica”.

“A maioria dos clínicos acredita que não há tratamento que possa ser eficaz sem que as pessoas estejam motivadas a mudar”, acrescentou.

ZAP / BBC

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