A pandemia chegou há dois anos — e com ela a inflação que já se faz sentir nos preços dos bens essenciais

Ao longo do período de análise, o Instituto Nacional de Estatística situou a inflação em 2,5%, um valor relativamente baixo tendo em conta o momento que o mundo atravessou.

As consequências económicas imediatas da pandemia fizeram-se sentir sobretudo no campo do emprego, com muitos negócios a fechar temporariamente e alguns a não sobreviver a meses de inatividade. Ainda assim, e no caso português, apesar dos dois confinamentos, o emprego manteve-se em níveis positivos, registando no mês de novembro de 2021 o valor mais baixo desde que há registos.

A ameaça que se começa a vislumbrar no horizonte — ou já presente para alguns — tem que ver com a inflação, a qual se atribui, neste contexto, à subida dos custos das matérias-primas, mas também à crise no transporte de mercadorias, o que acabou por comprometer as cadeias de fornecimento — com o impacto deste problema a só se sentir verdadeiramente na segunda metade de 2021.

No entanto, apesar de todo este cenário parecer algo abstrato, os novos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística já evidenciam subidas de preços com consequências imediatas nos bolsos dos contribuintes. Por exemplo, e de acordo com cálculos feitos pelo Dinheiro Vivo, os jornais são o item que mais aumentou entre dezembro de 2019 e de 2021, algo como 12%. Seguem-se os óleos alimentares (11% acima do valor pré-pandemia) e a fruta, que também custa mais 11% face a dezembro de 2019.

No que respeita aos combustíveis — cuja subida de preços os portugueses sentiram especialmente em outubro e novembro —, subiram 10%, o mesmo aumento que sofreram os “serviços de reparação de habitações”, ou seja, as obras em casa. O gás de campanha aumentou mais 6% face ao último mês de 2019. Noutro âmbito, os serviços bancários e financeiros também estão 6,6% mais caros — com o ambiente regulatório que incentiva e permite que os bancos aumentem as comissões a constituir a principal razão para a subida.

Com aumentos não tão expressivos mas de assinalar estão, por exemplo, o pão (3,4%), o peixe e a carne (quase 5%), enquanto o trio “leite, queijo e ovos” só subiu 1%. Já as rendas de casa subiram quase 4%.

No sentido contrário, há também artigos do chamado cabaz de consumo que viram os seus preços descer ou, em linguagem económica, desvalorizaram. É o caso dos computadores (menos 10%), dos telemóveis (menos 9%), dos equipamentos de desporto, de campismo e de lazer ao ar livre, assim como o dos pequenos eletrodomésticos. Os serviços de transporte custam atualmente menos 7%, o ensino superior está mais 5,6% mais barato e o preço do calçado 5% inferior.

ZAP //

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