A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, sugeriu hoje que o Bloco de Esquerda (BE) está a querer “lavar a mão” ao convidar o líder do PS para uma reunião no dia seguinte às eleições para um acordo.
“Se o Bloco está, de alguma forma, a tentar lavar a mão” da responsabilidade que teve na criação da “crise política em cima de uma crise socioeconómica e sanitária sem precedentes”, Sousa Real disse achar “muito bem que esteja, finalmente, disponível para dialogar, se não o fez antes”.
A líder do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que falava aos jornalistas, no centro de Viseu, depois de falar com ativistas de movimentos contra os projetos de exploração de lítio, foi questionada sobre o convite a Costa feito pela coordenadora do BE, Catarina Martins.
“Digo por isso ao doutor António Costa que o Bloco está disponível e o convida para que nos reunamos no dia 31 de janeiro para trabalharmos numa agenda de medidas e metas para quatro anos”, apelou Catarina Martins, num comício em Lisboa.
No final de um dia dedicado ao interior do país, com passagens por Covilhã, Guarda e Viseu, a dirigente do PAN sustentou que, perante a crise política, “os partidos têm que ter um atitude responsável”.
“O PAN tem feito esse caminho do diálogo e de fazer avançar as nossas causas e, depois do dia 30, cá estaremos e não faltaremos ao país, da mesma forma que não faltámos ao longo deste tempo em que estamos na Assembleia da República”, sublinhou.
Recusando intrometer-se “em relação à vida dos outros partidos”, Inês de Sousa Real frisou que “o PAN nunca se demitiu desse tipo de reuniões nem conversações” para se encontrarem soluções para o país.
Sobre a exploração de lítio, a também deputada manifestou-se contra esta aposta, lembrando que há especialistas que dizem que Portugal “não tem capacidade competitiva com outros países” e propondo, em alternativa, a aposta nas energias renováveis.
A dirigente do PAN alertou que para a Serra da Argemela, nos concelhos do Fundão e da Covilhã, está apontada a criação de uma exploração de lítio “junta às populações”, com pessoas a viverem “a 15 quilómetros de uma futura mina”.
“Isto põe em causa a qualidade de vida das pessoas, seja pelo ruído das explorações, seja pelas partículas finas que vão andar no ar, seja pela destruição do património natural”, acrescentou.
// Lusa