Inês Henriques assediada na rua: “Isto vai limitar-me durante algum tempo”

Campeã mundial de atletismo preparava-se para um treino quando um homem a abordou e, pouco depois, mostrou o seu pénis.

Inês Henriques foi vítima de assédio sexual, enquanto se preparava para um treino, nesta segunda-feira

A atleta portuguesa estava ia realizar mais um treino na estrada da Caniceira, em Rio Maior, quando foi abordada por um homem.

No início, decorreu uma conversa normal: “Por norma, sou simpática com todas as pessoas e dei os bons dias. Ele olhou, parou e perguntou-me se era atleta. Respondi que sim e estávamos a ter uma conversa circunstancial”.

Depois o contexto mudou: “Senti que se estava a aproximar muito de mim e afastei-me e continuei a preparar-me para o meu treino. Abri o carro, para tirar as sapatilhas e, quando olho para ele, isto tudo em menos de dois ou três minutos, o indivíduo já estava a exibir o pénis”.

A atleta de 41 anos, campeã mundial nos 50 quilómetros marcha em 2017 e campeã europeia no ano seguinte na mesma distância, contou nas redes sociais que não admite “faltas de respeito” e que reagiu “com palavras agressivas”.

É uma situação que tem que ser denunciada, reforçou Inês: “Piropos às vezes acontecem, não gosto! Porque estou a fazer o meu trabalho e gosto de ser respeitada, mas infelizmente tornou-se uma coisa banal. Uma situação destas é de deixar-nos apreensivas e com medo! E se nos tira a nossa tranquilidade tem que ser denunciada”.

O homem “de raça negra e com mais de um 1,90 metros”, de acordo com a descrição da atleta, “não avançou e foi-se embora”.

Na rádio Observador, Inês Henriques voltou a lamentar a situação e admitiu que estará limitada durante os próximos tempos: “Estou a fazer o meu treino e devo ser respeitada pelo que estou a fazer. É o meu trabalho. Embora muitas pessoas não percebam que nós, atletas, o correr e o marchar é o nosso trabalho”.

“Tenho que continuar a fazer o meu trabalho. É óbvio que isto deixou-me algum receio. Por exemplo, ontem à tarde eu ia correr para a rua e já não fui correr para a rua. Estive a correr dentro do estádio. De alguma forma, vai-me limitar durante algum tempo. Enquanto isto estiver na minha memória, vai limitar um pouco os meus locais de treino”

Inês Henriques apresentou queixa na Guarda Nacional Republicana.